As artistas mulheres ultracontemporâneas na vanguarda do mercado de arte

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Qual a relação das artistas mulheres e a arte ultracontemporânea? Os dados apresentados pela Artsy mostram os pontos de destaque desta relação

Em 2019, fomos apresentados ao termo para designar o mais novo setor do mercado de arte: o ultracontemporâneo. Cunhado pelos editores da Artnet News em seu Relatório de Inteligência (2019), o nome se refere a artistas nascidos a partir de 1975 e foi criado em resposta ao número crescente de jovens artistas que estão ganhando força no mercado secundário.

Desde então, as obras de artistas ultracontemporâneos tornaram-se um tanto onipresentes nas casas de leilões. As obras do setor ocupam regularmente os principais espaços de venda a cada temporada de leilões, além de merecer vendas inteiras dedicadas a ele.

O que está impulsionando este setor? O fervor por jovens artistas nas galerias significou uma oferta limitada de trabalho no mercado primário e longas listas de espera de colecionadores. Isso torna os leilões a opção mais acessível para as aquisições – ao mesmo tempo que impulsiona o preços destas obras.

O que isso tem a ver com mulheres artistas? Curiosamente, neste setor, as obras de artistas mulheres costumam liderar o grupo. E os dados mostram que quanto mais jovens os artistas, maior a paridade de gênero na participação de mercado.

Principais vendas

O ano passado foi um ano recorde para o trabalho de mulheres artistas na categoria ultracontemporânea, que cresceu 4.071% desde 2022, de US$ 5,28 milhões para US$ 220,24 milhões em vendas em leilões. Como mostram nossos dados, esse setor era muito pequeno em 2012, o que não é surpreendente – naquela época, os artistas mais velhos do segmento teriam 37 anos.

Embora estejamos vendo muitos artistas com muito menos de 37 anos vendo suas obras irem a leilão no momento, esse dificilmente era o caso uma década atrás, e a empolgação por obras de artistas mais jovens cresceu significativamente nos últimos três anos. Talvez uma melhor medida do crescimento recente do mercado ultracontemporâneo para o trabalho de mulheres artistas em seu estado mais maduro possa ser vista através do aumento de 349% ocorrido entre 2020 e 2022.

Este primeiro gráfico mostra o setor ultracontemporâneo como um todo, com obras de todos os artistas nascidos a partir de 1975. A divisão de 56,1% contra 43,6% do mercado de leilões entre artistas masculinos e femininos está muito longe do 88,24% contra 9,39% que vemos quando olhamos para o mercado de todos os artistas.

Ainda mais atraente é o segundo gráfico: quando reduzimos o escopo para artistas mais jovens, nascidos a partir de 1985, as mulheres dominam por uma margem significativa de 63,8% a 36%. Claramente, o interesse do mercado no trabalho de artistas mulheres mais jovens é inegável.

Njideka Akunyili Crosby, The Beautiful Ones, 2015

Njideka Akunyili Crosby, The Beautiful Ones, 2015

 

Principais mulheres artistas do mercado ultracontemporâneo

A lista das obras mais caras vendidas por este subconjunto do mercado fornece uma visão geral dos principais artistas ultracontemporâneos:

Obras da artista americana Avery Singer – que era a artista mais jovem da Hauser & Wirth quando a galeria começou a representá-la em 2019 (ela tinha 32 anos na época) – aparecem nesta lista cinco vezes, incluindo no primeiro lugar. Essa pintura recorde, Happening (2014), foi vendida por US$ 5,25 milhões na venda “The Now” da Sotheby’s em maio de 2022. Todos os cinco principais recordes de leilão de Singer foram estabelecidos a partir de 2021 e todos estão acima de US$ 3 milhões.

Notavelmente, esse setor do mercado também é mais diversificado, apresentando obras de várias artistas negras que estão na vanguarda da pintura contemporânea, incluindo Lynette Yiadom-Boakye e Jennifer Packer.

Quando comparamos a lista acima com as 20 mulheres artistas ultracontemporâneas que mais atraíram o interesse dos colecionadores no Artsy em 2022, a artista que aparece em ambas as listas é Anna Weyant. A ascensão meteórica da pintora americana foi bem documentada em 2022, principalmente em maio, quando suas obras começaram a ser vendidas por somas de sete dígitos e ela se tornou a artista mais jovem a obter representação com Gagosian.

A lista é grande, mas também vale ficar de olho em outras mulheres artistas ultracontemporâneas que atraem a atenção dos colecionadores, como Ayako Rokkaku, Katherine Bernhardt, Hilary Pecis, Inès Longevial, Annie Morris, Claire Tabouret, Tania Marmolejo, Lauren Quin e Nina Chanel Abney.

Via Artsy

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