Guarani Nhandewa, Sandra faz história ao se tornar curadora adjunta de arte brasileira no MASP
Sandra Benites foi contratada como a nova curadora adjunta de arte brasileira no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). A nomeação é um marco importante para o Brasil, já que Benites é a primeira curadora indígena a juntar-se à equipa de um importante museu de artes do país. Sandra é uma Guarani Nhandewa, atualmente doutoranda em antropologia social na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“Temos muita sorte em poder trazer Sandra Benites para a nossa equipa e já estamos em colaboração de maneiras diferentes”, disse Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP. “Isso marca uma virada no MASP e em todo o cenário dos museus do país, pois lideramos o caminho em termos de construção e oferta de narrativas culturais mais plurais, diversas e inclusivas, não apenas discutindo e exibindo arte indígena, mas também por fazer isso sob a orientação excepcional de Benites”.
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Entre os projetos em que Benites começará a trabalhar encontra-se “Histórias indígenas”, o programa de um ano de exposições, publicações, oficinas, cursos e palestras que serão dedicadas à arte e às vozes indígenas em 2021. A iniciativa foi reconhecida pelo Prémio Sotheby’s, que homenageia a excelência curatorial e fornece financiamento para instituições que estão a trabalhar para apresentar exposições em áreas negligenciadas da história da arte, no início deste ano. O programa dividirá o prêmio de US$ 250 mil com outro projeto de arte indígena, uma exposição co-organizada pela Pinacoteca de São Paulo, o centro cultural Casa do Povo e a Kalipety, uma casa de oração indígena.
Comentando o próximo programa, Benites disse: “O projeto da exposição “Histórias indígenas” no MASP é muito importante para despertar memórias indígenas, já que a maioria delas estão adormecidas. Quando falamos de histórias, falamos de conhecimento ancestral, e o objetivo aqui é contar essas histórias, de uma perspectiva indígena, sobre ‘ywy rupa’, que é a territorialidade da noção guarani.”
Desde 2004, Benites trabalha em educação indígena. Foi professora de uma escola indígena da cidade de Aracruz, Espírito Santo, na comunidade Guarani de 2004 a 2012 e foi coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Maricá, Rio de Janeiro, onde assessorou escolas indígenas em a região. Seus projetos curatoriais incluem “DjaGuata Porã: Rio de Janeiro Indígena” (2017-18) no Museu de Arte do Rio e uma exposição sobre lideranças indígenas no Sesc Ipiranga, São Paulo, que será inaugurada em 2020.
Via Artforum
