Adriano Pedrosa será o curador da Bienal de Veneza de 2024

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Esta nomeação torna Adriano Pedrosa o primeiro latino-americano a dirigir o maior festival de arte do mundo

O brasileiro Adriano Pedrosa, um dos curadores mais celebrados da atualidade, organizará a edição de 2024 da Bienal de Veneza, na Itália. No MASP, museu onde atua como diretor artístico, Pedrosa tem demonstrado talento para reescrever a história da arte de maneiras surpreendentes e revigorantes. Suas mostras, com ênfase nas perspectivas queer, feminista e decolonial, servem de guia para muitos outros curadores.

Tudo isso foi lembrado por Roberto Cicutto, presidente da Bienal, ao dizer em comunicado que Pedrosa é “conhecido pela competência e originalidade que tem demonstrado ao conceber as suas exposições com uma visão aberta ao contemporâneo, trabalhando a partir de um ponto de observação do mundo que não pode desconsiderar a natureza de seu lugar de origem. Ao invés de restringir sua visão, isso a estendeu a um debate indispensável para que agora, mais do que nunca, a Bienal possa abordar a arte contemporânea não para catalogar o existente, mas para dar forma às contradições, diálogos e parentescos sem os quais a arte não existiria. permanecer um enclave desprovido de seiva vital.”

“A Bienal é certamente a plataforma mais importante para a arte contemporânea no mundo, e é um desafio emocionante e uma responsabilidade embarcar neste projeto”, disse Pedrosa em comunicado. “Estou ansioso para trazer artistas a Veneza e realizar seus projetos, bem como trabalhar com a grande equipe da Bienal.”

Vista da exposição “Histórias afro-atlânticas”, no MASP

Vista da exposição “Histórias afro-atlânticas”, no MASP

No MASP, Pedrosa iniciou a série “Histórias”, um aclamado grupo de exposições que abordaram vertentes pouco reconhecidas da história da arte, mostrando como os artistas há muito se engajam em temas e ideias que têm sido amplamente mantidos fora dos muros das instituições convencionais.

O mais conhecido desses programas, “Histórias Afro-Atlânticas”, de 2018, explorou o comércio transatlântico de escravos, a perseverança das comunidades negras em todo o mundo apesar disso e as formas como a diáspora africana moldou o mundo. Com 450 obras de vários séculos, foi quase imediatamente aclamada como uma exposição histórica e agora está viajando pelos Estados Unidos.

Pedrosa não é um estranho ao circuito bienal, tendo organizado edições anteriores da Bienal de São Paulo, da Bienal de Istambul e da Trienal de San Juan, além de uma parte da Bienal de Xangai de 2012.

Durante anos, a Bienal foi território de curadores brancos e masculinos da Europa, que enfatizavam principalmente os artistas brancos, masculinos e europeus. Nas últimas duas décadas, isso começou a mudar. Okwui Enwezor se tornou o primeiro curador nascido na África, na edição de 2015, e Cecilia Alemani sinalizou um novo rumo para a Bienal, com uma mostra principal que contou com uma quantidade inédita de mulheres e artistas não conformes ao gênero, em 2022.

A nomeação de Pedrosa parece sugerir que as bienais mais conceituadas do mundo estejam caminhando para considerar curadores do hemisfério sul, já que a Documenta também escolheu o coletivo indonésio ruangrupa para a sua edição de 2022.

Antes deste anúncio, Adriano Pedrosa havia recebido na semana passada o o Prêmio Audrey Irmas por Excelência Curatorial.

A próxima Bienal de Veneza está programada para iniciar em abril de 2024, mas alguns países já começaram a anunciar quem fará seus pavilhões, que não estão conectados à mostra principal e, portanto, não estão sob a alçada de Pedrosa. Edith Karlson representará a Estônia, Julien Creuzet representará a França e Pakwui Hardware representará a Lituânia.

Via Artnews

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