Jonathas de Andrade vai representar o Brasil na Bienal de Veneza 2022

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O artista alagoano é criador de uma obra comovente sobre identidade e de busca por uma cultura autenticamente popular

A Fundação Bienal de São Paulo, que administra a participação do Brasil na Bienal de Veneza, anunciou os nomes escolhidos para representar o país na edição de 2022: o curador Jacopo Crivelli e o artista Jonathas de Andrade.

Jonathas é conhecido por um extenso corpo de trabalho que varia entre vídeos, fotografias e instalações, e trata de diferentes histórias e legados do colonialismo e da escravidão no Brasil, bem como como eles impactam a identidade nacional e as práticas trabalhistas. Sua obra mais conhecida é a instalação O Peixe, que estreou na Bienal de São Paulo 2016 e foi posteriormente exibida no New Museum, em Nova York. Essa peça, que não oferece diálogo ou texto, mostra um pescador no que parece ser um ritual de segurar peixes recém-pescados até o último suspiro.

Ele também fez exposições individuais no Museum of Contemporary Art Chicago, no Power Plant em Toronto, no Museo Jumex na Cidade do México e no Museu de Arte do Rio. Seu trabalho foi incluído na Bienal de Istambul 2019 e na Bienal de São Paulo de 2010, entre outros.

Jonathas de Andrade utiliza a fotografia, a instalação e o vídeo para percorrer a memória coletiva e a história, fazendo uso de estratégias que misturam ficção e realidade.

Jonathas de Andrade utiliza a fotografia, a instalação e o vídeo para percorrer a memória coletiva e a história, fazendo uso de estratégias que misturam ficção e realidade.

Em nota, a artista afirmou: “Este convite é uma surpresa e uma honra. No entanto, a ideia de representar o Brasil hoje, onde quer que seja, é um grande desafio principalmente pela responsabilidade no contexto das complexidades cruciais que o país enfrenta atualmente. Esperançosamente, a arte conseguirá traduzir o nó emaranhado que é viver em nossos tempos e conseguirá inspirar sonhos que nos permitem desatar esses nós”.

O artista vai trabalhar em uma obra inédita para o pavilhão do Brasil, que responderá ao tema da exposição principal da Bienal, “The Milk of Dreams”. O título da mostra, que faz alusão ao livro da pintora surrealista Leonora Carrington, foi escolhido por Cecilia Alemani, curadora da mostra, que falou da maneira como Carrington “descreve um mundo mágico onde a vida é constantemente repensada pelo prisma da imaginação, e onde todos podem mudar, ser transformados, se tornar algo e outra pessoa”.

Crivelli, curador do pavilhão brasileiro, disse a respeito de Jonathas: “Em suas obras, o artista busca a ideia de uma cultura autenticamente popular, em todos os sentidos possíveis e complexidade intrínseca deste termo. Ele toma o corpo – principalmente o corpo masculino – como eixo norteador para lidar com temas como o mundo do trabalho e do trabalhador, juntamente com a identidade do indivíduo na contemporaneidade, por meio de metáforas que oscilam entre a nostalgia, o erotismo e o político e crítica histórica”.

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