A retrospectiva na Tate Modern reúne filmes, fotografias e esculturas
Depois de 20 anos, uma retrospectiva dedicada a Steve McQueen volta ao Reino Unido, oferecendo um momento oportuno para refletir sobre os temas apresentados. Com 14 obras importantes que abrangem filme, fotografia e escultura, a exposição é uma oportunidade sem precedentes para experimentar a profundidade da carreira de artes visuais de McQueen, que recebeu o Prêmio Turner, em 1999.
Nos últimos 25 anos, McQueen criou alguns dos trabalhos mais inovadores de imagem em movimento projetados para espaços de galeria, bem como quatro filmes aclamados pela crítica para lançamento cinematográfico: Hunger (2008), Shame (2010), 12 Years a Slave (2013) e Widows (2018). Percorrendo duas décadas de sua carreira, a exposição revela como as abordagens pioneiras de McQueen ao cinema expandiram a maneira como os artistas trabalham com o meio, criando retratos comoventes de tempo e lugar.
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Os visitantes da Tate Modern podem ver trabalhos pessoais e íntimos, como o primeiro filme de McQueen filmado em uma câmera Super 8, Exodus 1992/97, que reflete sobre migração e multiculturalismo em sua cidade natal, Londres, e 7th Nov. 2001, no qual o primo do artista, Marcus, relata o dia trágico em que ele acidentalmente atirou e feriu fatalmente seu próprio irmão. Estes trabalhos são acompanhados por instalações de vídeo imersivas e de grande escala, como Western Deep 2002 e Static 2009. Originalmente encomendada para a documenta XI, Western Deep apresenta uma exploração sensorial intensa das condições de trabalho dos garimpeiros na África do Sul, enquanto a representação aérea da Estátua da Liberdade em Static examina visualmente uma figura familiar e fortemente simbólica que raramente pode ser inspecionada de perto.
Still do video Static, 2009
Como parte da exposição, McQueen optou por exibir uma das telas do filme de dois canais Caribs ‘Leap 2002 na icônica fachada fluvial de Tate Modern. Mostrado em uma tela gigante de 7 metros, o Caribs’ Leap rastreia um dia na ilha caribenha de Granada, retratando o ciclo da vida e da morte. Ao mostrar esse trabalho com vista para o rio Tamisa, McQueen convida o espectador a considerar as histórias e as conexões transatlânticas entre Granada, de onde é a família do artista, e a vida cotidiana de Londres, que abriga muitas pessoas de descendência das Índias Ocidentais.
Still do video Ashes, 2002–15
Trabalhos mais recentes incluem a instalação de vídeo Ashes 2002–15, oferecendo uma homenagem emocionante à memória de um jovem pescador que o artista conheceu e filmou em Granada em 2002, morto por traficantes de drogas no ano seguinte. Pela primeira vez no Reino Unido, o público pode ver End Credits 2012 – em andamento, a homenagem de McQueen ao cantor, ator e ativista de direitos civis afro-americano Paul Robeson (1898–1976) que, após uma carreira de sucesso como ator, foi incluído na lista negra nos anos 50 e colocado sob vigilância do FBI. O trabalho consiste em rolar slides dos relatórios do FBI sobre Robeson, com uma trilha sonora de vozes lendo os documentos com redação pesada.
A exposição também apresenta Weight 2016, uma escultura exibida pela primeira vez por Artangel no Reading Gaol, recentemente fechado, onde Oscar Wilde havia sido preso e escreveu De Profundis (1897). Apresentando um mosquiteiro banhado a ouro sobre uma das camas de metal da prisão para criar uma aparição cintilante, Weight explora a relação entre proteção e confinamento, o físico e o espiritual, e o poder redentor da imaginação.
Steve McQueen disse:
“Lembro-me de minha excursão escolar a Tate, quando eu tinha 8 anos, que foi realmente o momento em que compreendi que tudo é possível. Estou muito feliz por apresentar meu trabalho em minha cidade natal, Londres, especialmente na Tate Modern, onde, de certa forma, minha jornada como artista começou”
Esta exposição coincide com a mais recente obra de arte de McQueen, Year 3, exibida na Tate Britain, retratando os alunos do terceiro ano de Londres. A retrospectiva de Steve McQueen ocupa a Tate até 11 de maio de 2020.
