Instalação de Beatriz Milhazes, com milhares de pedras preciosas, ocupa a Cartier Hudson

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Móbile ricamente ornamentado com elementos inspirados nas pinturas e colagens de Beatriz participa do projeto ‘Artist Meets Artisan’

Entre as novidades da nova loja Hudson Yards da Cartier está a obra em grande formato de Beatriz Milhazes. Trata-se de “Aquarium”, móbile composto por brilhantes pedras Cartier, que espalham brilham cada vez que são atingidas pela luz.

Dada a quantidade de pedras preciosas com as quais ela trabalhou, Milhazes às vezes foi obrigada a trabalhar dentro do cofre de Cartier, em Zurique, onde elas são mantidas. A artista falou sobre a experiência diante de uma audiência na Morgan Library and Museum de Nova York, na ocasião da instalação da obra, e explicou que muitas das gemas não eram, de fato, destinadas a colares ou brincos, mas sim à arte.

“Muitas vezes acontece que algumas pedras são deixadas de lado e não são usadas pelos joalheiros, porque sua forma ou cor não é perfeita o suficiente”, explicou o executivo-chefe da Cartier, Cyrille Vigneron, em comunicado. “No entanto, essas pedras mantêm toda a sua energia, beleza e poder evocativo.

Milhazes, que projetou a instalação executada por artesãos no Ateliers Cartier, foi escolhida como um dos primeiros artistas a participar do projeto “Artist Meets Artisan” da joalheria, criado há 10 anos, e busca dar uma segunda vida a pedras consideradas impróprias para uso na alta joalheria. Esta é a primeira vez que qualquer um dos trabalhos de “Artist Meets Artisan” é exibido em Nova York.

Quando recebeu o convite da Cartier, há uma década, Milhazes nunca havia trabalhado em escultura, mas se interessou por cenografia, criando uma enorme cortina de contas para uma produção de dança da sua irmã, a coreógrafa Márcia Milhazes. O projeto Cartier foi construído sobre esta peça teatral, permitindo que a artista traduza suas pinturas geométricas coloridas em forma tridimensional.

“A ideia era ter algo entre um lustre e um móbile”, disse Milhazes ao artnet News. Anos depois, em sua exposição individual de 2015 na James Cohan, sua galeria de Nova York, a experiência da criação de “Aquarium” foi parte da inspiração para dois trabalhos suspensos, feitos com miçangas. Foram as primeiras esculturas feitas pela artista, independente de Cartier, e apresentavam materiais humildes, como acrílico, alumínio, aço inoxidável e poliéster e flores de papel.

Em contraste, a aparência colorida e alegre da peça Cartier acabada é feita de metais preciosos, como prata e bronze, e adornada com milhares de pedras, incluindo diamantes, esmeraldas, rubis, safiras, ametistas, águas-marinhas, granadas, ônix e quatro tipos diferentes de quartzo.

Muitas das pedras são esculpidas e originadas da linha Tutti Frutti, da Cartier, um estilo Art Deco clássico de brilhantes verde, azul e magenta nas formas de folhas, frutos e flores inspiradas na extravagante tradição Mughal, da Índia, em lapidação de pedras. Alguns são colocados individualmente em medalhões, enquanto outros enfeites são preenchidos com pedra sobre pedra.

“Eu me senti um pouco culpada, porque não respeitei a individualidade das pedras”, admitiu Milhazes. “Eu as reunia para criar uma área”.

Ela também aprendeu muito trabalhando com esses novos materiais e com os artesãos da Cartier. “As cores das pedras são muito diferentes das tintas ou cerâmicas. Você precisa ter luz natural para entender o movimento da cor dentro das pedras”.

“Aquarium” permanece em exposição até 23 de novembro, na Cartier Hudson Yards.

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