Jimmie Durham é o vencedor do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2019 

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Homenageado pelo conjunto da obra, o artista já participou de cinco edições da Bienal de Veneza 

A Bienal de Veneza vai conceder o cobiçado Leão de Ouro pelo conjunto da obra ao artista norte-americano nascido em Berlim, Jimmie Durham. Conhecido especialmente como escultor, criando peças que incorporam materiais cotidianos naturais e baratos, Durham ganhou um novo nível de exposição – e exame minuncioso – nos últimos anos. 

Ralph Rugoff, curador de “May You Live in Interesting Times”, a 58ª Exposição Internacional de Arte da Bienal, nomeou Durham para a honraria. Sua recomendação foi aprovada pelo conselho de administração da bienal, presidido por Paolo Baratta.  

Embora Durham não seja um membro reconhecido da tribo Cherokee – o que recentemente tem sido uma fonte de controvérsia – ele se identifica como um Cherokee, e grande parte de sua prática artística lida com questões de colonialismo e identidade nativa americana. O artista, que também trabalha com desenho, colagem, fotografia e vídeo, frequentemente escreve textos perspicazes para acompanhar suas obras, que confrontam o eurocentrismo e o preconceito racial. 

Malinche, 1988-1992.

Malinche, 1988-1992

Rugoff elogiou o artista de 78 anos “por fazer uma arte que é crítica, bem humorada e profundamente humanista, ao mesmo tempo”. Considerando que Durham fez sua primeira exposição individual em 1965, “nós provavelmente deveríamos dar a ele dois prêmios vitalícios”, brincou o curador em um comunicado.
O artista – cujo trabalho examina consistentemente a ambiguidade da identidade e o modo como a sociedade visa categorizar os indivíduos – é uma escolha apropriada para uma bienal que Rugoff disse ser inspirada por nossa época de equívocos.

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Veterano de cinco participações na Bienal de Veneza, aparecendo nas edições de 1999, 2001, 2003, 2005 e 2013, Durham também marcou presença na Documenta de 1992 e 2012, em Kassel (Alemanha) e nas Bienais de Whitney de 1993, 2003 e 2014 (Nova York). Honras anteriores concedidas ao artista incluem o Goslarer Kaiserring – anel do imperador da cidade alemã de Goslar – em 2016, e o Prêmio Robert Rauschenberg em 2017.

Grandes mostras individuais incluem o MAXXI Roma em 2016, Serpentine Galleries (2015) em Londres e o Palais des Beaux-Arts (1993) em Bruxelas. Em 2017 e 2018, uma retrospectiva organizada pelo Hammer Museum em Los Angeles, “Jimmie Durham: At the Center of the World”, viajou para o Walker Art Center em Minneapolis, Museu Whitney de Arte Americana de Nova York e o Remai Modern em Saskatoon, Canadá.

“Eu posso pensar em poucos artistas que são mais merecedores desta incrível honra, que reconhece as imensas contribuições de Jimmie para o campo da arte contemporânea nos últimos 50 anos”, disse Anne Ellegood, curadora sênior do Hammer Museum, que organizou sua retrospectiva em 2017. “Sua curiosidade insaciável, intelecto aguçado, profundo compromisso com os direitos humanos e cosmopolitismo em todas as suas escolhas de vida proporcionaram as raízes e a base a partir da qual seu trabalho, em suas numerosas formas, floresceu”.

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“O trabalho de Jimmie”, ela acrescentou, “representa o que a arte faz no seu melhor: interrogar, complicar, implicar, lembrar, lamentar, satirizar e saborear, dando-nos a esperança de que a inteligência hoje possa superar a estupidez de ontem”.

A Bienal dedicará o prêmio a Durham em 11 de maio, dia da inauguração da exposição, durante uma cerimônia no Ca ‘Giustinian, sede da organização.

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