Fondation Louis Vuitton leva Jean-Michel Basquiat a Paris

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Dentre as 120 obras presentes na retrospectiva, obras nunca exibidas antes na Europa

A Fondation Louis Vuitton reuniu 120 obras marcantes de Jean-Michel Basquiat que cobrem toda a carreira do artista, de 1980 a 1988. Instalada nos quatro andares do espetacular prédio de Frank Gehry, a exposição inclui muitos trabalhos iniciais. Esta é uma oportunidade para ver Basquiat na totalidade, como um grande artista e um gênio da arte de desenhar.

A trilogia excepcional de Basquiat, Heads (1981-1983), será apresentada pela primeira vez ao lado de vários trabalhos de Basquiat e Warhol, incluindo Dos Cabezas (1982), que marcou o início do fascínio mútuo e da colaboração entre os artistas.

A exposição também inclui obras que nunca foram exibidas na Europa, bem como pinturas que raramente foram vistas desde suas primeiras apresentações durante a vida do artista, como Offensive Orange (1982), Untitled (Boxer) (1982), Untitled (Tenant) ( 1982), Baptismal (1982) ou Lye (1983).

Para o curador Dieter Buchhart, “a exposição segue seu trabalho, desde os primeiros desenhos e trabalhos monumentais até as últimas gravuras, colagens e montagens, iluminando seu toque inimitável, uso de palavras, frases e enumerações, e seu recurso da poesia concreta hip hop. À imagem do homem afro-americano ameaçado pelo racismo, exclusão, opressão e capitalismo, ele se opunha com guerreiros e heróis”.

Vista parcial da exposição "Jean-Michel Basquiat", em cartaz na Fondation Louis Vuitton

Vista parcial da exposição “Jean-Michel Basquiat”, em cartaz na Fondation Louis Vuitton

Ainda jovem, Jean-Michel Basquiat deixou a escola e fez seu primeiro estúdio nas ruas de Nova York. Muito rapidamente, sua pintura alcançou grande sucesso, que o artista tanto buscou quanto se sentiu subjugado. Sua obra remete à erupção da modernidade, a dos expressionistas, mas suas filiações são numerosas. A agudeza de seu olhar, suas visitas a museus e a leitura de vários livros deram-lhe um verdadeiro senso de cultura. No entanto, esse olhar foi dirigido: pela ausência de artistas negros sendo dolorosamente evidente, o artista impôs a necessidade de retratar a cultura africana e afro-americana e revoltas em igual medida em seu trabalho. A morte de Basquiat em 1988 interrompeu um corpo de trabalho muito prolífico, realizado em menos de uma década, com mais de mil pinturas e ainda mais desenhos.

A exposição na Fondation Louis Vuitton está sendo realizada simultaneamente a um mostra com obras de Egon Schiele. Ambas as exposições têm curadoria de Dieter Buchhart e Suzanne Pagé, diretora artística da fundação.

Dos extremos opostos do século XX, da América/Nova York à Europa/Viena, as vidas e obras de Jean-Michel Basquiat e Egon Schiele são fascinantes por sua efemeridade e sua intensidade. Ambos morreram muito jovens: Basquiat aos 27 anos, Schiele aos 28.

Foi preciso menos de uma década para que ambos se tornassem grandes figuras na arte do século. Eles estão ligados pelo seu destino e sua sorte – a de um corpo de trabalho de curta duração, cujo impacto e permanência têm poucos pares. A produção formidável de ambos pode ser explicada pela paixão à vida que agora, em pleno século século 21, os transformou em “ícones” reais para as novas gerações. A necessidade vital da arte é o elemento principal nesses dois corpos excepcionais de trabalho.

As exposições ficam na fundação até 14 de janeiro.

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