Julian Opie | Artista do Mês | Agosto de 2018 

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Ao longo de três décadas de produção artística, o artista vem afirmando seu estilo único, em uma linguagem visual fragmentada e estilizada que despersonaliza os temas retratados

Os trabalhos do britânico Julian Opie incluem pinturas, esculturas, filmes e instalações em espaços públicos. Neles, emprega mídia eletrônica para ampliar os limites da mídia tradicional (como a pintura a óleo ou a escultura). As pessoas têm um lugar chave em sua arte e são frequentemente representadas em movimento. Ele retrata membros de sua família, amigos e trabalhadores em seu estúdio, bem como transeuntes anônimos e colecionadores.

Opie geralmente desenha seus personagens usando uma linha preta, preenchida com uma cor forte e clara, ecoando a linguagem dos sinais e símbolos. Ele tem interesse por paisagens, de onde ele retira os detalhes, trazendo à tona sua essência. Opie se inspirou em uma variedade de fenômenos: da estética dos sinais de trânsito, outdoors e logotipos corporativos, passando pelas gravuras japonesas, retratos de antigos mestres, esculturas da Grécia, Roma e Egito antigos, até mangás e quadrinhos.

Julian Opie – Behind every successful man is a surprised woman, 1998

Julian Opie – Behind every successful man is a surprised woman, 1998

Primeiros passos

Nascido em Londres em 1958, Julian Opie cresceu em Oxford, estudou na Goldsmith’s School of Art entre 1979 e 1983, onde foi teve aulas com artista conceitual e pintor Michael Craig-Martin. Neste período, criou a série Eat Dirt. Após o final dos estudos, Opie começou a expor ao lado de artistas como Tony Cragg, Richard Deacon e Anish Kapoor. Estes, juntamente com alguns outros artistas, estavam agrupados ao redor da Lisson Gallery, e o trabalho do grupo ficou conhecido como Nova Escultura Britânica. Uma síntese de pop e kitsch, com foco na produção de bricolagens a partir de objetos de um ambiente urbano e descartados, humor e inteligência foram alguns dos principais temas predominantes em seus trabalhos.

A primeira exposição de Julian Opie aconteceu em 1982 na London Lisson Gallery e o reconhecimento veio logo: em 1984, seus objetos de metal colorido foram exibidos na documenta 8.

Em seus primeiros trabalhos, o artista fez esculturas em aço de eletrodomésticos, estruturas arquitetônicas e formas abstratas e geométricas. Mais recentemente, ele se concentrou nas mídias digitais, como projeções de LED e arte gráfica. Seu trabalho baseia-se em retratos clássicos, xilogravuras japonesas e estética pop art, particularmente no trabalho de Andy Warhol e Roy Lichtenstein.

Julian Opie – Christine swimming. 01, 2008

Julian Opie – Christine swimming. 01, 2008

Estilo único

Opie criou uma linguagem visual fragmentada e estilizada que despersonaliza seus temas, mas inclui detalhes como uma flor exótica em Muliati, Shop Assistant (2002), títulos específicos e diferentes cores de fundo para distinguir cada trabalho. O artista emergiu como uma figura influente na cena artística britânica dos anos 80, depois de produzir uma série de esculturas de metal pintadas que combinavam, com humor, imagens pintadas com formas de aço.

Retratos e figuras animadas caminhando, renderizadas com detalhes mínimos em desenhos de linhas pretas, são marcas registradas do estilo do artista. Seus temas estão interligados com a história da arte, ao mesmo tempo em que exploram novas tecnologias, sem perder a obsessão pelo corpo humano. Quando lhe pediram para descrever sua abordagem, Opie disse: “Muitas vezes sinto que tentar fazer algo realista é o único critério de que posso ter certeza. Outra, que eu às vezes uso, é: gostaria de tê-lo no meu quarto? E ocasionalmente uso a ideia: se Deus permitisse que você mostrasse a Ele um [retrato]para julgá-lo, seria assim mesmo?”.

Projeção de Julian Opie durante a turnê Vertigo, da banda U2, em 2005

Projeção de Julian Opie durante a turnê Vertigo, da banda U2, em 2005

Trabalhando com diferentes mídias

Em seus primeiros trabalhos, Opie estava focado em esculturas de aço, estruturas quase arquitetônicas e formas abstratas e geométricas. Obviamente influenciado de um lado, pelo Minimalismo e, de outro, pela Pop Art, começou a moldar sua estética distinta purificando as composições, limpando-as de qualquer detalhe possível e realizando-as através de instalações, gravuras e esculturas. Foi assim que Opie desenvolveu uma revista em quadrinhos linear simples e reduziu as áreas coloridas, o que se tornou sua marca. Sua fixação por retratos permaneceu presente até os dias de hoje, bem como as referências citadas anteriormente à história da arte; apenas o processo tecnológico mudou. Através dos anos, o artista tornou-se ativo com outras mídias, especialmente em arte gráfica e arte digital, respectivamente em projeções LED e animações.

O estilo de retrato de Opie, associado ao uso do computador, possibilitou que o artista se movesse entre os campos da arte contemporânea e do design comercial. Ele também explorou as capas de discos, incluindo o álbum do grupo britânico Blur, “Blur: The Best of”, premiado pelo Music Week CADS (Melhor Ilustração). Na capa, os quatro membros da banda são representados no típico estilo do artista.

Julian Opie trabalha com uma ampla variedade de mídias, como desenho, pintura, impressão e, nos últimos anos, elementos animados por computador, como suas figuras caminhando, apresentadas em uma gigantesca tela de LED. Tal elemento foi utilizado por ele como parte do cenário da turnê mundial Vertigo, da banda de rock U2, em 2006. Opie produziu várias outras animações contínuas em telas de LCD, como Christine Blinking (1999) e Suzanne Walking (2002).

Uma série de obras de Opie estão expostas em locais públicos, como Ann Dancing (2007), uma escultura de quatro telas de LCD instaladas como parte da Indianapolis Cultural Trail.

Geral da exposição na Gerhardsen Gerner, Berlim, 2016

Geral da exposição na Gerhardsen Gerner, Berlim, 2016

Símbolos e sinais

Ao longo de três décadas de trabalho, Julian Opie vem desenvolvendo seu estilo único; por um lado, muitas vezes comparado com a estética dos mangás japoneses, e por outro lado, situado no reino da propaganda e estilo de cartaz.

O próprio artista destaca essa proximidade: em uma entrevista perguntaram a Julian Opie qual era a maior diferença entre pintura e os símbolos, e ele respondeu: “Talvez eles sejam iguais?”. No texto de uma exposição, em 2006, Julian Opie descreveu a inspiração que ele tira das placas nas ruas: “Ao dirigir na rodovia, eu admiro os sinais enormes nos postes que ficam ao lado da estrada. Embora eles estejam lá para dar informações, também parecem atuar como pinturas gigantes”.

A marca registrada de Julian Opie são seus elementos simplificados, semelhantes aos que também podem ser encontrados em cartazes e propaganda. Nos rostos das obras de Opie, os corpos humanos ou paisagens são muitas vezes compostos de poucas linhas pretas, com tons e detalhes completamente ausentes. Surpreendentemente, todas as características importantes estão lá.

Uma das telas da série Landscape?, pertencente à coleção da Tate

Uma das telas da série Landscape?, pertencente à coleção da Tate

Julian Opie – coleções de arte

As obras de Julian Opie estão em exibição em vários museus e coleções do mundo, como o Deutsche Bank Frankfurt, o Kunsthaus Zurich, o Museu de Arte Contemporânea Prato, o Museu de Arte Moderna de Nova York, a National Portrait Gallery de Londres, o Museu Britânico de Londres, o Museu Nacional de Arte de Osaka, a Tate Gallery de Londres, o Victoria and Albert Museum de Londres e muitos mais.

Julian Opie tem várias instalações públicas em todo o mundo. Elas incluem Promenade (2012), uma instalação permanente em Calgary, e uma série de painéis de vidro comissionados pelo St Mary’s Hospital, em Londres.

O artista mora e trabalha em Londres.

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