Museu no Rio vai vender obra de Jackson Pollock avaliada em US$ 25 milhões

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Museu de Arte Moderna (MAM-Rio) quer criar um fundo que gere rendimentos para a instituição

Texto de Roberta Pennafort, publicado originalmente no O Estado de S. Paulo

RIO — Pela primeira vez no Brasil, um museu vai se desfazer de uma obra de seu acervo para se capitalizar. Em dificuldades financeiras, com um déficit em torno de R$ 1,5 milhão, o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio irá colocar à venda a tela Nº 16, de Jackson Pollock, avaliada em torno de US$ 25 milhões (R$ 82,5 milhões). O objetivo é criar um fundo que gere rendimentos para a instituição e a ajude por pelo menos três décadas. Com isso, o País pode perder seu único Pollock numa coleção aberta à visitação.

O museu prefere que um comprador brasileiro fique com a obra do pintor expressionista, para que ela não saia daqui. Colecionadores ouvidos pela reportagem acham difícil que isso aconteça, pelo alto valor da obra. As principais casas de leilão do mundo com representação no Brasil – Sotheby’s, Christie’s e Phillips – serão procuradas. A notícia deve movimentar o mercado internacional de arte, uma vez que praticamente não existem telas do artista norte-americano para venda.

Jackson Pollock

Imagem da tela ‘Nº 16’, de Jackson Pollock, atualmente no Museu de Arte Moderna do Rio Foto: MAM-Rio

O dinheiro levantado será depositado numa instituição fiduciária, e sua movimentação será auditada pela Price Waterhouse. O valor não será mexido pelo MAM – apenas os rendimentos serão usados. Instituição privada que não recebe ajuda de governos, só de empresas mantenedoras, o museu tem mais de 16 mil obras, e altos custos de luz e energia.

O presidente do MAM, Carlos Alberto Chateaubriand, acredita que seja possível mantê-lo no Brasil. “Esperamos que o comprador seja brasileiro, e que deixe a obra no MAM ou em outro museu do País. Recentemente, foi leiloada uma pintura semelhante de Pollock por US$ 18 milhões. Esperamos que a nossa alcance US$ 25 milhões”, afirmou Chateaubriand.

“Este fundo possibilitará uma autossustentabilidade por pelo menos por 30 anos, de modo a que o MAM poderá fazer planejamentos a curto, médio e longo prazo, fazer melhorias na infraestrutura, aumentar pessoal, e atualizar o acervo de arte brasileira, preenchendo as lacunas existentes, adquirindo obras de artistas contemporâneos.”

Ministério da Cultura defendeu a decisão do MAM. “O MinC reconhece e valoriza a autonomia do MAM, uma instituição privada que presta relevantes serviços à cultura brasileira. Por isso, respeita e apoia a decisão de sua diretoria. A venda de obras de acervo com objetivos específicos é prática comum em museus norte-americanos e europeus e muitas vezes serve ao objetivo de garantir a sustentabilidade financeira dessas instituições. No caso em questão, embora a obra seja de inquestionável relevância, sua venda, isoladamente, mostra-se suficiente para angariar os recursos necessários à criação de um endowment que irá assegurar a sustentabilidade do MAM-Rio”, diz nota enviada à imprensa.

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