Caixa Cultural traz exposição de grandes nomes da arte internacional baseada em livro Lévi-Strauss

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Marie Voignier, Hinterland (2010), produção de Capricci e CAC Brétigny.

A Caixa Cultural São Paulo apresenta entre 02 de agosto e 28 de setembro de 2014, a exposição “Marie Voignier / Olaf Breuning / Christoph Keller – os trópicos”, que através da produção dos artistas Marie Voignier (França), Olaf Breuning (Suíça) e Christoph Keller (Alemanha) toma a narrativa do clássico contemporâneo “Tristes Trópicos”, publicado em 1955, pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009), como experiência estética para contextualizar a ânsia da sociedade contemporânea. Na ocasião da abertura, ocorre visita-guiada com o curador Tobi Maier e apresentação da performance “Umbelina Beyond Caverna” do artista paulista Libidiunga Cardoso. A entrada é gratuita e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal e apoio da Embaixada da França no Brasil, da Fundação Pro Helvetia, e do Instituto Goethe.

Um documento antropológico e um monumento literário, o livro de Lévi-Strauss descreve a experiência do pesquisador em três viagens ao Brasil (entre 1935 e 1938), aos ambientes tropicais. Nem verdadeiramente científico, nem explicitamente filosófico, nem simplesmente literário, e no entanto tudo isso ao mesmo tempo, a publicação é um diário de viagem repleto de reflexões filosóficas e ideias que ligam muitas disciplinas acadêmicas como a sociologia, geologia, arte, arquitetura, história e literatura. No primeiro plano de sua reflexão, figuram o desencanto da diversidade, a morte do exotismo, o fim das viagens que existiam antigamente. Nesta narrativa se fazem reflexões, observações ou digressões que impedem que se possa classificar “Tristes trópicos” em algum dos gêneros habituais.

A mostra “Marie Voignier / Olaf Breuning / Christoph Keller – os trópicos” demonstra um compromisso sócio-político baseado em considerações estéticas, cuja finalidade é estabelecer uma crítica cultural. Composta por vídeo-arte, fotografia, documentário, ensaio e crítica de grande força visual, a exposição gira em torno da experiência do artista, pesquisador e viajante aos ambientes tropicais: as obras permitem um entendimento contemporâneo dos artistas como etnógrafos.

 O filme de Olaf Breuning, “Home 2” (Casa 2), 2007, questiona temas como deslocamento e a busca por uma identidade cultural. Aqui o narrador, interpretado pelo ator Brian Kerstetter, junta-se a um grupo de turistas que viajam para Papua Nova Guiné ou deriva por outros países como Peru ou Suíça. O seu caminho atravessa aldeias e tribos, enquanto o narrador transita entre encantar e insultar seus companheiros turistas e os “nativos” que ele encontra. Contextualizando a ânsia do cidadão global num mundo fragmentado, Breuning examina a busca humana para a comunhão social e a experiencia do folclórico local.

Marie Voignier apresenta uma instalação com seu filme “Hinterland” (Sertão) de 2012, no qual vemos alguns edifícios esquisitos num campo desértico, em seguida, a câmera mergulha profundamente na vegetação exótica e exuberante. “Hinterland” apresenta uma ilha tropical, dentro de um complexo de lazer perto de Krausnick, uma vila 70 quilômetros ao sul de Berlim, criada no local onde antes fulgurava uma base aérea soviética. No filme, não somente encontramos os moradores da região que comentam sobre a historia da área militar, mas também os visitantes de complexo de lazer, no qual os trópicos são representados “no seu melhor”, “sem perigo”. Quem não pode ou não quer viajar longe para conhecer ‘os trópicos verdadeiros’ tem a possibilidade de encontrar um cenário aqui.

Christoph Keller, apresentara uma série de fotografias e colagens que desenvolveu durante uma viagem de três semanas ao Amazonas no final de 2012. Um dos pontos de partida são as reflexões do artista sobre da viagem, uma espécie de anti-arqueologia em relação à compreensão cultural tradicional europeia. A série de colagens “Herbário da Amazônia”, de 2014, sobrepõem ruínas de templos com folhas de plantas secas, que o artista colecionou durante a viagem para a Amazônia. As plantas não representam a selva, mas ela está dentro deles.

 A exposição se completa com uma publicação e uma sala de leitura com livros sobre o tema dos trópicos, com contos de viagens de antropólogos pelo Brasil antes e depois do Lévi-Strauss, além de outros textos artísticos e literários.

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