Grandes exposições de arte em museus europeus sinalizam 2026 como um ano de forte densidade institucional e histórica
O calendário europeu de exposições de arte para o início de 2026 revela uma combinação estratégica entre nomes canônicos da história da arte e vozes contemporâneas que reposicionam debates culturais, políticos e sensoriais. De retrospectivas monumentais a leituras curatoriais mais experimentais, museus da Suíça, França, Itália, Alemanha e Países Baixos se consolidam como polos centrais dessa agenda.
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Entre os destaques, a Fondation Beyeler, em Basel, dedica uma grande mostra a Paul Cézanne, reunindo cerca de 80 pinturas e aquarelas produzidas em sua fase final no sul da França. A exposição reforça a permanência do artista como eixo fundamental da arte moderna e dialoga com recentes revisões institucionais de sua obra. Em paralelo, o Van Gogh Museum, em Amsterdã, propõe uma abordagem transversal com “Yellow. Beyond Van Gogh’s Favourite Colour”, explorando o amarelo como fenômeno estético e cultural no início do século 20, conectando artes visuais, literatura, moda e música.
Museus também apostam em leituras críticas da história e da identidade. No Kunstmuseum Basel, “The First Homosexuals” revisita o surgimento das identidades homossexuais entre 1836 e 1939, reunindo cerca de 100 obras e reposicionando artistas historicamente marginalizados. Já o Stedelijk Museum, em Amsterdã, apresenta uma ampla exposição de Danh Vo, articulando deslocamentos geográficos, memória colonial, religião e erotismo por meio de objetos, arquivos e esculturas.
Entre modernidade, contemporaneidade e novas narrativas curatoriais
A Itália concentra dois dos projetos mais ambiciosos do período. Em Florença, o Palazzo Strozzi recebe “Rothko in Florence”, uma retrospectiva com mais de 70 obras que investiga a relação do artista com a tradição italiana, da Renascença às soluções espaciais do século 20. O projeto se desdobra ainda em intervenções no Museo di San Marco e na Biblioteca Medicea Laurenziana. Em Milão, a Fondazione Prada apresenta “Dash”, de Cao Fei, um mergulho crítico sobre agricultura inteligente, tecnologia e trabalho, a partir de pesquisas em áreas rurais da China e do sul da Ásia.
Outras exposições reforçam a diversidade de linguagens. O Grand Palais, em Paris, dedica uma grande retrospectiva ao período final de Henri Matisse, reunindo mais de 230 obras entre recortes, desenhos e livros ilustrados. A Hamburger Kunsthalle propõe um diálogo inédito entre Maria Lassnig e Edvard Munch, conectando expressão corporal, emoção e biografia. Já o Musée d’Art Moderne de Paris recebe a aguardada retrospectiva de Lee Miller, revisitando sua trajetória entre surrealismo, moda e fotojornalismo de guerra.
Conjuntamente, essas exposições de arte apontam para um 2026 marcado por revisões históricas, cruzamentos disciplinares e um esforço institucional de aprofundar narrativas, mais do que simplesmente reafirmar consensos.
Confira as datas:
- “Cézanne” na Fundação Beyeler
25 de janeiro a 25 de maio de 2026 - “Yellow. Beyond Van Gogh’s Favourite Colour” no Museu Van Gogh, Amsterdã
13 de fevereiro a 17 de maio de 2026 - Danh Vo no Museu Stedelijk
14 de fevereiro a 2 de agosto de 2026 - “The First Homosexuals” no Kunstmuseum Basel
7 de março a 2 de agosto de 2026 - “Rothko em Florença” no Palazzo Strozzi
14 de março a 23 de agosto de 2026 - “Simon Fujiwara: A Whole New World” no Mudam Luxemburgo
20 de março a 23 de agosto de 2026 - “Matisse: 1941–1954” no Grand Palais
24 de março a 26 de julho 2026 - “Maria Lassnig e Edvard Munch: Painting Flow = Life Flow” no Hamburger Kunsthalle
27 de março a 30 de agosto de 2026 - Lee Miller no Musée d’Art Moderne de Paris
3 de abril a 26 de julho de 2026 - “Dash” de Cao Fei na Fondazione Prada, Milão
9 de abril a 28 de setembro de 2026 - Helen Frankenthaler no Kunstmuseum Basel | Neubau
18 de abril a 23 de agosto de 2026

