Em 2028, Coimbra sediará a bienal itinerante Manifesta, marcando a primeira edição em Portugal e abrindo espaço para um diálogo transformador entre arte e sociedade
A Manifesta, bienal itinerante com foco em arte contemporânea e transformação urbana, revelou que sua 17ª edição acontecerá em 2028, na cidade de Coimbra, Portugal. Esta será a primeira vez que o evento é realizado em território português. A escolha decorre de um convite feito pela Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, uma iniciativa que envolve o Círculo de Artes Plásticas, a Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra, Patrimônio Mundial da Unesco desde 2013.
Desde sua criação em 1996, em Roterdã, a Manifesta se move por cidades europeias a cada dois anos, criando diálogos entre arte, arquitetura, urbanismo e participação social. Já passou por cidades como Liubliana, Barcelona, Marselha, Palermo, Zurique e Prishtina. Em 2028, Coimbra entrará nesse circuito como cenário para uma edição colaborativa que, segundo seus organizadores, será marcada pela valorização do patrimônio, sustentabilidade ambiental e mobilização comunitária.
A parceria com a Anozero representa um novo modelo de atuação da Manifesta, baseado na cocriação com instituições locais. Como declarou Hedwig Fijen, diretora da Manifesta, o evento entra em “uma nova fase de colaboração intercultural no cenário europeu das artes e arquitetura”, destacando a importância da ação conjunta entre artistas, comunidades e coletivos. A liderança do projeto local está a cargo de Carlos Antunes e Désirée Pedro, responsáveis por articular os múltiplos agentes envolvidos.

Tutto, performance de Matilde Cassani, durante a Manifesta 12 em Palermo
Além de seu papel artístico, a Manifesta se compromete com o impacto social e urbano nas cidades que a acolhem. O investimento previsto para a edição portuguesa é de 8 milhões de euros, sendo metade financiada pelo governo e os outros 50% garantidos por entidades locais, doadores e patrocinadores. Segundo Margarida Balseiro Lopes, ministra da Cultura, Juventude e Desporto de Portugal, “a bienal tem um reconhecido potencial turístico, comprovado retorno econômico e notável capacidade de regeneração urbana com impactos duradouros”.
A proposta portuguesa foi construída com base em pilares estratégicos como o diálogo entre arte e sociedade, a preservação ambiental (especialmente da floresta local), e a valorização da identidade cultural da cidade universitária. Além disso, prevê a formação de equipes locais e a articulação de ações com forte engajamento popular.
A preparação da Manifesta 17 terá início já em 2026, projetando Coimbra como um novo polo cultural de Portugal e da Europa. A expectativa é de que a bienal fortaleça redes internacionais de colaboração artística e reafirme o papel transformador da arte diante dos desafios contemporâneos, como globalização, migrações, diversidade, identidade e mudanças climáticas.