Três artistas ultracontemporâneos japoneses para ficar de olho

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Miwa Komatsu, Justin Caguiat e Yukimasa Ida colocam o Japão de volta ao radar do mercado global como expoentes ultracontemporâneos

A cena japonesa de arte contemporânea volta a ganhar destaque no mercado internacional com uma geração que mescla espiritualidade, cosmopolitismo e força visual. Miwa Komatsu, Justin Caguiat e Yukimasa Ida estão entre os artistas ultracontemporâneos mais valorizados do momento, atraindo a atenção de colecionadores na Ásia e, gradativamente, no Ocidente. Todos nascidos após 1980, eles simbolizam a potência renovada da criação japonesa no século XXI.

Miwa Komatsu, 2023 Photo Niko Wu

Miwa Komatsu, 2023 Photo Niko Wu

Miwa Komatsu: espiritualidade e presença global

Miwa Komatsu (1984) ganhou reconhecimento com uma estética singular que une tradição, simbolismo e espiritualidade. Desde sua estreia em leilões na Christie’s Hong Kong, em 2015, suas obras vêm alcançando valores crescentes – com destaque para 60 lotes vendidos em 2022 que somaram US$ 2 milhões, atingindo 96,6% de taxa de vendas.

Com presença em museus e galerias por toda a Ásia, e exposições recentes em Hong Kong, Pequim e Singapura, Komatsu alia apelo institucional à solidez no mercado secundário. Suas telas, ainda relativamente acessíveis (US$ 40.000 a US$ 50.000), tornam-se apostas atraentes para colecionadores em busca de obras com forte carga simbólica e potencial de valorização.

Justin Caguiat, installation view, Triple Solitaire, Zilkha Gallery, Wesleyan University, 2024.

Justin Caguiat, vista da exposição, Triple Solitaire, Zilkha Gallery, Wesleyan University, 2024.

Justin Caguiat: hibridismo e demanda explosiva

Com trajetória marcada por uma identidade “terceira cultura”, Justin Caguiat (1989) transita entre o Japão e os Estados Unidos, explorando abstrações oníricas sobre linho cru. Seu mercado disparou desde 2022, com vendas como The Saint is Never Busy (2019), arrematada por US$ 1,09 milhão na Sotheby’s Nova York, e outro trabalho vendido por US$ 682.000 na Christie’s Londres em março de 2025.

Apoiado por instituições como o Hammer Museum e o MoMA de San Francisco, Caguiat é hoje considerado uma das apostas mais promissoras do circuito internacional, com raridade bem controlada: apenas uma obra sua é oferecida por ano em leilão, estratégia que contribui para o aquecimento dos lances.

Yukimasa Ida: da tradição japonesa ao circuito global

Pupilo de Takashi Murakami e representado por galerias como Perrotin e Villepin, Yukimasa Ida (1990) transita entre pintura, escultura e abstração com forte influência da filosofia japonesa Ichi-go Ichi-e. Seu destaque começou em 2020 e, em 2023, suas obras somaram US$ 1,26 milhão em vendas, com recorde individual de US$ 356.300 em Tóquio.

Apesar de um leve arrefecimento nas vendas em 2025, Ida mantém-se entre os 15 artistas com menos de 40 anos mais bem colocados no mercado. Seu universo plástico, que valoriza o instante e a impermanência, vem conquistando colecionadores especialmente em Tóquio, enquanto sua presença em eventos como Frieze Seoul e Art Basel Miami solidifica sua projeção internacional.

Nova onda japonesa no radar do colecionismo

Após o sucesso consolidado de nomes como Yayoi Kusama, Yoshitomo Nara e Murakami, a nova geração japonesa não apenas mantém o prestígio do país no mercado de arte, como o atualiza com propostas ousadas, híbridas e bem fundamentadas. Komatsu e Ida seguem conquistando terreno na Ásia, com visível aproximação aos mercados britânico e norte-americano. Já Caguiat se consolida como um dos nomes mais cobiçados entre os jovens artistas globais, com performance robusta em leilões e sólida presença institucional.

Essa nova fase japonesa reforça uma tendência global: em tempos de moderação econômica, o colecionador busca não apenas grandes nomes, mas narrativas fortes, produção consistente e diferencial estético. E nesse sentido, o Japão entrega – com vigor e originalidade.

Via FAD Magazine / Global Art Market Report

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