Bienal de São Paulo reúne 120 artistas sob o tema “Nem todo viandante anda estradas – da humanidade como prática”

0

Com curadoria de Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, a Bienal de São Paulo 2026 reunirá artistas de diferentes continentes, refletindo sobre deslocamento, migração e humanidade

A 36ª edição da Bienal de São Paulo já tem data marcada: abre no dia 6 de setembro de 2026, no tradicional Pavilhão Ciccillo Matarazzo. Com o título “Nem todo viandante anda estradas – da humanidade como prática”, a exposição parte de um conceito potente: compreender a humanidade como prática em constante movimento, deslocamento e negociação.

O curador Bonaventure Soh Bejeng Ndikung e sua equipe construíram a lista de artistas a partir de uma metodologia inspirada nos padrões migratórios das aves. Essa escolha simbólica permitiu romper com classificações baseadas em fronteiras, nações ou identidades fixas. Assim como os pássaros que cruzam continentes – como o falcão-de-cauda-vermelha nas Américas, o combatente entre a Ásia Central e o Norte da África, ou o trinta-réis-ártico em suas rotas polares, a curadoria mapeou práticas artísticas que atravessam territórios físicos, culturais e temporais.

“Estudar as habilidades de navegação dos pássaros, seu impulso para migrar por terra e mar, sua urgência, sua agência e seu senso expandido de espaço e tempo nos ajudou a refletir sobre o significado de reunir a humanidade no contexto da Bienal”, destacou Ndikung.

Documentação de uma obra de Hamid Zénati sendo ativada na década de 1990. ©Hamid Zénati Estate

Documentação de uma obra de Hamid Zénati sendo ativada na década de 1990. ©Hamid Zénati Estate

Diversidade, ancestralidade e conexões globais

O resultado é uma lista com 120 artistas, que atravessa gerações, territórios e linguagens. Estão entre os destaques internacionais nomes de peso como Isa Genzken, Firelei Báez, Wolfgang Tillmans, Forensic Architecture, Frank Bowling, Olu Oguibe, Korakrit Arunanondchai, Laure Prouvost, Otobong Nkanga, Raven Chacon, Precious Okoyomon e Sharon Hayes.

O Brasil também marca presença robusta, com 19 artistas residentes no país, incluindo Aislan Pankararu, Maxwell Alexandre, Antonio Társis, Juliana dos Santos e o coletivo Vilanismo, além de outros nomes que reforçam as múltiplas identidades presentes no território brasileiro.

A Bienal ainda amplia seu escopo histórico ao incluir 20 artistas já falecidos, como Heitor dos Prazeres, Bertina Lopes, Ernest Cole, Ernest Mancoba, Huguette Caland, Hamid Zénati e Mohamed Melehi, aprofundando o diálogo entre gerações e experiências.

Outro elemento simbólico que norteou a seleção foi o fluxo dos rios como o Amazonas, o Tâmisa, o Hudson e o Limpopo , que servem como metáforas das origens, percursos e intersecções dos artistas e suas obras.

“Apesar das tentativas humanas de controlar o fluxo da água e a migração dos pássaros, toda água está conectada, e os pássaros continuam a migrar sem passaportes ou vistos. A humanidade teria muito a aprender se observasse outros seres”, finaliza o curador.

Os artistas participantes da 36ª Bienal de São Paulo são:

Adama Delphine Fawundu; Adjani Okpu-Egbe; Aislan Pankararu; Akinbode Akinbiyi; Alain Padeau; Alberto Pitta; Aline Baiana; Amina Agueznay; Ana Raylander Mártis dos Anjos; Andrew Roberts; Antonio Társis; Behjat Sadr; Berenice Olmedo; Bertina Lopes; Camille Turner; Carla Gueye; Cevdet Erek; Chaïbia Talal; Christopher Cozier; Cici Wu; Cynthia Hawkins; Edival Ramosa; Emeka Ogboh; Ernest Cole; Ernest Mancoba; Farid Belkahia; Firelei Báez; Forensic Architecture; Forugh Farrokhzad; Frank Bowling; Frankétienne; Gê Viana; Gervane de Paula; Gōzō Yoshimasu; Hajra Waheed; Hamedine Kane; Hamid Zénati; Hao Jingban; Heitor dos Prazeres; Helena Uambembe; Hessie (Carmen Lydia Đurić); Huguette Caland; I Gusti Ayu Kadek Murniasih (Murni); Imran Mir; Isa Genzken; Joar Nango com a equipe de Girjegumpi; Josèfa Ntjam; Juliana dos Santos; Julianknxx; Kader Attia; Kamala Ibrahim Ishag; Kenzi Shiokava; Korakrit Arunanondchai; Laila Hida; Laure Prouvost; Leiko Ikemura; Leila Alaoui; Leo Asemota; Leonel Vásquez; Lidia Lisbôa; Lynn Hershman Leeson; Madame Zo; Madiha Umar; Malika Agueznay; Manauara Clandestina; Mansour Ciss Kanakassy; Mao Ishikawa; Márcia Falcão; Maria Auxiliadora; María Magdalena Campos-Pons; Marlene Almeida; Maxwell Alexandre; Meriem Bennani; Metta Pracrutti; Michele Ciacciofera; Ming Smith; Minia Biabiany; Moffat Takadiwa; Mohamed Melehi; Moisés Patrício; Myriam Omar Awadi; Myrlande Constant; Nádia Taquary; Nari Ward; Nguyễn Trinh Thi; Noor Abed; Nzante Spee; Olivier Marboeuf; Olu Oguibe; Oscar Murillo; Otobong Nkanga; Pélagie Gbaguidi; Pol Taburet; Precious Okoyomon; Raukura Turei; Raven Chacon com Iggor Cavalera & Laima Leyton; Rebeca Carapiá; Richianny Ratovo; Ruth Ige; Sadikou Oukpedjo; Sallisa Rosa; Sara Sejin Chang (Sara van der Heide); Sérgio Soarez; Sertão Negro; Sharon Hayes; Shuvinai Ashoona; Simnikiwe Buhlungu; Song Dong; Suchitra Mattai; Tanka Fonta; Thania Petersen; Theo Eshetu; Théodore Diouf; Theresah Ankomah; Trương Công Tùng; Tuần Andrew Nguyễn; Vilanismo; Werewere Liking; Wolfgang Tillmans; Zózimo Bulbul.

Outros cinco participantes integram a 36ª Bienal como parte do programa de Afluentes na Casa do Povo, com curadoria de Benjamin Seroussi e Daniel Blanga Gubbay: Alexandre Paulikevitch; Boxe Autônomo; Dorothée Munyaneza; Marcelo Evelin; MEXA.

Share.

Leave A Reply