Exposição celebra a breve, porém decisiva, atuação de Peggy Guggenheim na cena moderna londrina, com estreia em Veneza e turnê na Royal Academy
A atuação visionária de Peggy Guggenheim no cenário artístico britânico do século 20 será celebrada em grande estilo com a exposição “Peggy Guggenheim in London: The Making of a Collector”, que será apresentada na Peggy Guggenheim Collection em Veneza entre abril e outubro de 2026, antes de seguir para a Royal Academy, em Londres, de novembro de 2026 a março de 2027. A mostra reúne mais de 100 obras e revisita a breve, mas transformadora, trajetória da galeria Guggenheim Jeune, ativa entre 1938 e 1939.
Instalada em Cork Street, a galeria foi um espaço pioneiro para a arte moderna na capital britânica. Em apenas 18 meses, Guggenheim organizou mais de 20 exposições, introduzindo ao público londrino nomes como Salvador Dalí, Piet Mondrian, Barbara Hepworth, Henry Moore, Yves Tanguy, Max Ernst, e Vasily Kandinsky — cuja obra Dominant Curve (1936) será um dos destaques da mostra.

Herbert Read and Peggy Guggenheim, photographed by Gisèle Freund in 1939 © Peggy Guggenheim Collection Archives, Venice
Primeiras Exposições, Novos Olhares e o Lançamento de Lucian Freud
Entre os episódios mais marcantes está a exibição do primeiro quadro de Lucian Freud em uma galeria pública: Old Man Running (1936), pintado quando Freud ainda era adolescente. A mostra infantil de outubro de 1938, resultado da afinidade de Guggenheim com a educação progressista, revelou um talento que se tornaria um dos pilares da pintura figurativa no século seguinte.
Outro feito notável foi a primeira exposição de escultura contemporânea de Londres, em abril de 1938, reunindo obras de artistas como Jean Arp, Alexander Calder, Sophie Taeuber-Arp e Constantin Brâncuși. A curadora Grazina Subelyte destaca a ousadia de Guggenheim, que precisou de uma carta do diretor da Tate Gallery atestando que as obras eram, de fato, esculturas — para evitar impostos de importação.
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O curador Simon Grant ressalta a disposição de Guggenheim em assumir riscos, promovendo artistas pouco conhecidos na época, como o surrealista Wolfgang Paalen. Sua galeria tornou-se um terreno fértil para a experimentação estética e para a formação de um novo olhar sobre a arte moderna, ainda incipiente na Grã-Bretanha.
Mesmo encerrando atividades por dificuldades financeiras, a Guggenheim Jeune lançou as bases da coleção que mais tarde seria transferida para Veneza, onde a obra de Peggy Guggenheim permanece viva no palazzo às margens do Grande Canal. A mostra reafirma o papel da colecionadora como uma das figuras mais influentes da história da arte moderna, cuja contribuição foi muito além do mecenato, impulsionando uma geração inteira de artistas e transformando o circuito expositivo europeu.Guggenheim na cena moderna londrina, com estreia em Veneza e turnê na Royal Academy.