Frieze Masters recebe o trabalho mais caro de sua história

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Trata-se deste magnífico retrato de Botticelli, avaliado em US$ 32 milhões

Um retrato arrebatador do mestre renascentista Sandro Botticelli, considerado o último ainda em mãos particulares, está enlouquecendo os visitantes da Frieze Masters. A pintura de Michael Tarchaniota Marullus, um estudioso humanista do século XV, é o único trabalho no estande da galeria Trinity Fine Arts, com sede em Londres – e também é o mais caro de todos os tempos na Frieze Masters – US$ 32 milhões.

O negociante Carlo Orsi diz que é um preço justo pela imagem resplandecente, dada a qualidade e a raridade do trabalho. “No mercado, é muito difícil definir o preço desse tipo de pintura, mas em comparação ao último Leonardo, que custou US$ 450 milhões, pode ser um preço razoável”, diz Orsi.

Mas o comprador da pintura poderá ter de enfrentar alguns obstáculos antes de levar a obra para casa. “É um bom preço, porque temos alguns entraves com as autoridades espanholas”, diz Orsi. A obra, que é tecnicamente reivindicada pela Espanha como parte do patrimônio cultural do país, exigia uma licença de saída temporária do ministério da cultura antes de ser levada a Londres.

Portrait of Michael Tarchaniota Marullus by Sandro Botticelli at the stand of Trinity Fine Arts in Frieze Masters 2019. Photo by Mark Blower. Courtesy of Mark Blower/Frieze.

Portrait of Michael Tarchaniota Marullus by Sandro Botticelli at the stand of Trinity Fine Arts in Frieze Masters 2019. Photo by Mark Blower. Courtesy of Mark Blower/Frieze.

No ano passado, os donos da obra (que integrou a exposição de 2011 do Metropolitan Museum of Art, “O retrato renascentista: de Donatello a Bellini”) tentaram levá-la à Frieze New York. Mas o governo espanhol negou o pedido, afirmando que as condições adequadas de conservação e segurança não haviam sido atendidas. Os proprietários finalmente receberam a licença temporária de exportação em outubro do ano passado, depois de trabalharem com Orsi para concluir o acordo.

No caso de uma venda, a obra ainda precisa voltar para a Espanha. Se o novo proprietário não estiver sediado no país, precisará solicitar uma licença de exportação separada. De qualquer forma, o trabalho deve ser devolvido ao país antes de 15 de outubro, e as autoridades espanholas terão dois meses para fazer uma contraproposta, caso encontre um comprador na Frieze.



Mas Orsi não está preocupado. As obras do mestre renascentista raramente chegam ao mercado. Outra vantagem é que Marullo, retratado na tela, era famoso por ser membro da corte Médici, o que consolida o lugar da obra na história (Marullo foi casado com a poeta Alessandra Scala, que se acredita ter encomendado o trabalho depois que Marullo morreu em 1500).

O trabalho foi levado a Londres porque, segundo o negociante, a cidade “é o centro do mercado de arte” e que haveria um interesse particular na Frieze por causa dos gostos mais amplos de compradores, que não estão interessados apenas na arte moderna e contemporânea.

Apesar de alguns interessados, já durante as horas iniciais da feira, não houve nenhum acordo formal. A mídia espanhola também está relatando interesse do Museu Nacional da Arte da Catalunha depois que o conselheiro de cultura local mencionou a pintura em um tweet. A pintura, anteriormente pertencente à realeza européia, foi uma das joias da coleção da família do falecido político catalão Francesc Cambó no século passado. Nas últimas duas décadas, esteve emprestado ao Museu do Prado, em Madri.
O recorde atual de leilão de uma obra de Botticelli é de US $ 10,4 milhões, alcançado na Christie’s de Nova York em 2013.

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