McArthur Binion | Artista do Mês | Dezembro de 2017

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Monocromática, obsessivamente trabalhada e profundamente pessoal, a obra de Binion se conecta simultaneamente a modernidade e às suas raízes históricas

Nos últimos 40 anos, McArthur Binion, que se descreve como “Modernista Rural”, vem produzindo composições abstratas, profundamente autobiográficas e não-convencionais, através das quais tem complicado e ampliado as noções tradicionais da abstração e do Modernismo. Embora tenha produzido continuamente, seu trabalho não era amplamente reconhecido até alguns anos atrás.

Evitando pincéis e tintas, Binion usa lápis a óleo, crayons e, mais recentemente, imagens impressas a laser para criar lustrosas e coloridas texturas e trabalhos geometricamente padronizados. Eles são formados a partir de uma confluência improvável de influências, incluindo mestres modernos como Kasimir Malevich, Piet Mondrian e Wifredo Lam, bem como sua própria herança afro-americana, refletida nos quilts de sua mãe, nos têxteis da África Ocidental e nos ritmos de música negra, linguagem e literatura. O trabalho e a simplicidade são a base da prática de Binion e suas composições lacônicas e ricamente pessoais.

Binion nasceu em 1946 em uma fazenda de algodão em Macon, Mississippi. Ele começou a colher algodão aos 3 anos e, em 1951, sua família de 18 pessoas mudou-se para Detroit, onde encontraram emprego em uma fábrica de automóveis. Binion foi o primeiro afro-americano a obter um MFA da Cranbrook Academy of Art. Em 1973 mudou-se para Nova York, onde permaneceu até sua mudança para Chicago, em 1991, cidade onde vive e trabalha até os dias atuais.

DNA: Black Painting: Ph Bk / B Cert: I, 2015

Modernista Rural

O trabalho de McArthur Binion consiste principalmente em pinturas abstratas, criadas usando lápis de cor, lápis de óleo e tinta, muitas vezes em superfícies rígidas, como madeira ou alumínio. Por muitos anos, Binion vem incorporando impressões a laser e colagens como base, sobre as quais aplica outros elementos. Seu trabalho já foi comparado ao de Dorothea Rockburne, Robert Mangold, Robert Ryman e Jasper Johns.

Na década de 1970, Binion morava na cidade de Nova York e fazia parte de um grupo de pintores afro-americanos que, apesar das pressões para fazer obras de arte politicamente motivadas, se dedicavam à abstração. Seu trabalho foi apresentado em exposições coletivas e individuais ao redor dos Estados Unidos.

A inserção distinta de história narrativa e pessoal de Binion e sua ênfase no conteúdo, diferenciou seu trabalho das práticas Minimalistas de outros artistas – e continua a fazê-lo hoje.

Binion identifica-se como um “Modernista Rural” e diz que seu trabalho “começa na encruzilhada – na interseção da improvisação de Bebop e do Expressionismo abstrato”. Seu trabalho é influenciado por artistas modernistas como Kasimir Severinovich Malevich, Piet Mondrian e Wifredo Lam.

dna: sketch: XII, 2015

Abstração e narrativa pessoal

Em sua série DNA Study, as pinturas não são totalmente abstratas, mas tentam falar sobre a experiência negra e sua história pessoal ao mesmo tempo. Atuando como um tipo de template para marcas de grade em preto, branco e, ocasionalmente, coloridos em camadas superiores, estão páginas das agendas telefônicas manuscritas de Binion dos anos 70, identificação do passaporte e negativos de sua certidão de nascimento. Para uma experiência completa do trabalho deste artista, o espectador deve se aproximar da obra de arte. Debaixo das linhas horizontais e verticais de vários matizes, uma história está sendo contada. Binion combina cuidadosamente sua história pessoal com formas e padrões abstratos, interessantes de observar como atraem você para a história do artista.

Ghost: Rhythms (2013) um dos primeiros trabalhos na Galeria Kavi Gupta, mostra a influência do expressionismo abstrato e minimalismo. Binion explora os clichês estilísticos comuns aos artistas populares, tomando os elementos de quilting, fotografias em camadas, grades e padrões. Ele faz tudo isso usando um implemento: seu “lápis de cor” característico, ou pau de pintura, o que lhe permite mover a tinta a óleo.

“Em 1972, quando comecei a usá-los, eram basicamente barras de marcação industriais”, lembra. Mas ele efetivamente converte uma ferramenta elementar em um refinado instrumento de mão, prosperando no esforço dessa conversão. Bionion desenvolveu uma abordagem ornamentada e elaborada, que exige horas extenuantes e, como observou Binion, ecoa as colheitas de algodão de sua infância.

Ele teve que treinar para ser ambidestro e negociar a fadiga das mãos, trabalhando toda uma superfície de uma pintura em uma só sessão, antes de voltar a retrabalhar essa superfície no dia seguinte, semana ou mês. Alguns trabalhos levam anos para serem concluídos. Dependendo de quanto tempo ele deixa a tinta secar, torna-se mais ou menos maleável, respondendo a sua mão como massagem pintada e esculpida.

As obras de Binion participaram da 57ª Bienal de Veneza, VIVA ARTE VIVA, com curadoria de Christine Macel, e foram apresentadas em exposições individuais no Contemporary Arts Museum de Houston, no Texas, e na University of Maryland University College Gallery, assim como em exposições coletivas na Prospect.3, Louisiana; Studio Museum in Harlem, Nova York; Detroit Institute of Arts, Michigan; e Kemper Museum of Contemporary Art, Missouri.  Seu trabalho está em importantes coleções públicas incluindo: Metropolitan Museum of Art, Nova York; New Orleans Museum of Art, Louisiana; Smithsonian National Museum of African American History and Culture, Washington, D.C.; Detroit Institute of Arts, Michigan; Whitney Museum of American Art, Nova York; Phillips Collection, Washington, D.C.; e Studio Museum do Harlem, Nova York.

MAB: 1971: I, 2015

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