Inteligência artificial identifica falsificações comparando traços do pincel

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Seria a inteligência artificial o futuro da autenticação da arte?

A inteligência artificial pode acabar com a ciência, por vezes dúbia, do conhecimento? De acordo com um novo estudo, uma forma de AI chamada de rede neural recorrente agora já poderia identificar pinturas falsificadas.

Pesquisadores da Rutgers University de New Jersey e o Atelier for Restoration & Research of Paintings da Holanda publicaram suas descobertas em um artigo intitulado “Picasso, Matisse, or a Fake? Automated Analysis of Drawings at the Stroke Level for Attribution and Authentication”. A inteligência artificial conseguiu identificar obras de arte falsas simplesmente comparando os traçados usados para compor a imagem.

Determinar a autenticidade de uma obra de arte tem sido um desafio considerável. O ramo de autenticação se esforça para identificar as marcas estilísticas de um artista. Há uma série de métodos mais técnicos; uma tela pode ser levada para um laboratório para uma bateria cheia de testes, como espectroscopia de infravermelho, cromatografia em gás e datação radiométrica.

A análise técnica só pode fornecer estas tantas informações, cabendo aos especialistas humanos finalmente determinar se uma peça é verdadeira, uma falsificação sem valor ou simplesmente executada por outro artista.

Neste novo estudo, os pesquisadores abasteceram a inteligência artificial com 300 desenhos de artistas famosos, incluindo Pablo Picasso, Henri Matisse e Egon Schiele.

Analisando as obras, a IA identificou 80.000 traços individuais e, através da rede neural, aprendeu quais características dos traçados eram específicas de cada artista. Um algoritmo de aprendizagem também foi ensinado a procurar essas características, como as diferenças no peso do traçado, que refletem o quão pesado o artista estava pintando.

Ao combinar a rede neural e o algoritmo de aprendizagem, o estudo descobriu que a IA conseguiu identificar corretamente o autor de um trabalho em 80% do tempo. Ainda mais impressionante foi a sua capacidade de detectar todas as falsificações com as quais foi apresentada.

O artigo argumenta que a IA pode ser uma alternativa econômica para análise científica caras, especialmente quando se trata de trabalhos sobre papel menos valiosos. E, ainda que um falsificador às vezes possa encontrar os materiais corretos para imitar um trabalho histórico, é mais difícil replicar a mão do artista e enganar a análise da IA.

Como a IA depende dos traços e linhas para suas análises conclusivas, a técnica tem suas limitações. Os cientistas esperam testar a IA nas pinturas, além de desenhos, mas limitarão os testes às obras impressionistas e outras telas com pinceladas distintas – pinturas sem traços visíveis ainda estão além do alcance da tecnologia.

Publicado originalmente no Artnet News

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