Abramovic e Ulay se reúnem no Louisiana Museum

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Os artistas, que ajudaram a construir a história da performance, afirmam ser amigos novamente, depois da ruptura épica na Grande Muralha da China

Marina Abramovic e Ulay, artistas pioneiros da performance, estarão novamente juntos, desta vez ocupando a cena no Louisiana Museum of Modern Art, em Copenhague. A parceria do casal – na arte e na vida pessoal – se encerrou oficialmente em 1988, com uma performance épica na Muralha da China. Mas para a abertura da retrospectiva de Abramovic os ex-amantes se reuniram e compartilharam o microfone. Ao contrário da união silenciosa e cheia de lágrimas, que aconteceu durante a performance “The Artist is Present” (2010), no MoMA, desta vez a dupla se abraçou, relaxou e brincou.

Christian Lund, editor da Louisiana Channel que entrevistou os artistas para um novo vídeo, “The Story of Marina Abramovic & Ulay”, está encantado de relatar o mais recente e feliz ponto de inflexão no que foi até a sua ruptura “uma das grandes histórias de amor na arte do século 20”. Ele diz que a aparição surpresa de Ulay na palestra foi inesperada para Abramovic, que elogiou seu ex-parceiro no palco.

Marina Abramovic e Ulay durante a performance "The artist is present", no MoMA

Marina Abramovic e Ulay durante a performance “The artist is present”, no MoMA

Uma bela história

Lund falou com Abramovic e Ulay separadamente, mas fez as mesmas perguntas. Abramovic revela que abandonou “toda a raiva e todo o ódio”. Agora, “o belo trabalho que você deixa é tudo o que importa”, diz ela. Ulay diz a Lund no filme que ele e Abramovic se tornaram bons amigos novamente. “Tudo ruim, desagradável ou o que quer que seja do passado, foi abandonado”, diz Ulay, acrescentando: “É uma bela história”.

Lund diz que os artistas, reconciliados, “estão muito felizes com o vídeo”. Eles compartilharam fotografias de suas coleções particulares, que acompanham imagens históricas de performances. Um destaque é a seqüência quando Abramovic e Ulay falam sobre a primeira performance de “Imponderabilia” em Bolonha, em 1977. A sequência, extraída de um documentário criado pela TV italiana, mostra os artistas acampados em sua minivan no estacionamento do museu, e depois realizando a performance na porta de entrada do museu. Cerca de 350 visitantes passaram pelo casal nu antes que a polícia interrompesse a performance. Ulay lembra o risco que correram. Alguém poderia ter puxado uma faca, ele diz. Abramovic descreve a ela e Ulay como “portas vivas”, porque “se não houvesse artistas, não haveria museus, então somos entradas vivas”.

“Imponderabilia” foi recriada na retrospectiva do Louisiana, “The Cleaner” (até 22 de outubro), que foi organizada pelo Moderna Museet, em Estocolmo, onde foi exibida de fevereiro até maio deste ano.

Lund, que entrevistou Abramovic inúmeras vezes, agora está fazendo um vídeo com Ulay sobre sua arte, que será lançado em setembro. Ao contrário de Abramovic, o artista de origem alemã se afastou do mercado de arte após a separação de sua parceira de destaque, mas continuou trabalhando. No ano passado, o Schirn Kunsthalle de Frankfurt organizou “Ulay Life-Sized”, a primeira grande retrospectiva de seu trabalho.

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