Agostino Bonalumi | Artista do Mês | Julho/2016

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Bonalumi (1935-2013) é um artista italiano conhecido pelo seu papel de destaque na vanguarda pós-guerra. Na década de 1960, suas inventivas “estroflessioni” – formas criadas a partir das telas esticadas em bastidores e forçadas sobre um relevo – foram sua resposta às abstrações da Arte Informel, que predominou em grande parte da cena artística europeia na década de 1950. Suas “pittura-oggetto” (ou pintura-objetos) romperam o plano bidimensional e envolveram espaço e textura de novas e diferentes maneiras.

Rosso, 2010

Rosso, 2010

Nascido em Vimercate, Milão, Bonalumi tinha apenas 13 anos quando exibiu seus trabalhos pela primeira vez no “Premio Nazionale Città di Vimercate” em 1948; foi um pintor autodidata, que assumiu a arte depois de abandonar seus estudos formais de desenho técnico e mecânico.

Sua primeira exposição individual aconteceu em 1956, na Galleria Totti, em Milão. Ao visitar o estúdio do pintor Enrico Baj, ele conheceu Piero Manzoni e Enrico Castellani, com quem começou a trabalhar a partir de 1958. O resultado foi uma exposição coletiva na Galleria Pater (Milão), seguida de outras mostras em Roma, Milão e Lausanne.

Inspirados pela concepção radical de Lucio Fontana e suas telas perfuradas e cortadas, eles criaram uma prática que enfatizou a presença física e a materialidade direta da obra de arte. No ano seguinte, os três amigos criaram em Milão a breve, porém influente, galeria Azimut, assim como o jornal homônimo que teve apenas duas edições. A galeria exibiu parte da arte mais inovadora do seu tempo e, junto com a sua publicação, foi fundamental na disseminação internacional da corrente avant-garde, como o grupo alemão ZERO, o francês Nouveau Réalistes e a arte Neo-Dada americana de Jasper Johns e Robert Rauschenberg.

Ao mesmo tempo, frequentando o estúdio de Lucio Fontana, Bonalumi começou a estudar as questões de espaço para produzir sua primeira “estroflessioni”. Para cria-las, ele equipava as molduras como bastidores, adicionando elementos em relevo que, quando pressionados com contra a parte de trás da lona esticada, resultavam em telas que pareciam animadas por uma presença misteriosa oculta sob a superfície.

O ano de 1965 marcou o início da parceria de Bonalumi com Renato Cardazzo, diretor da Galleria del Cavallino em Veneza e da Galleria del Naviglio em Milão. Ele foi seu único agente durante muitos anos e, em 1973, supervisionou a publicação de uma extensa monografia sobre o artista pela Edizioni del Naviglio, escrita por Gillo Dorfles.

Bonalumi participou de três edições da Bienal de Veneza. Em 1966, exibiu uma seleção de suas obras na mesma sala de Paolo Scheggi; em seguida, em 1970, ele ocupou sua própria sala na 35ª Bienal de Veneza, quando instalou enormes esculturas; depois, participou novamente em 1986 – mesmo ano em que integrou a 11ª Quadrienal de Roma. No ano de 1999, ele foi novamente convidado para a Quadrienal de Roma.

Em 1967 ele foi convidado para a Bienal de São Paulo e a Bienal de Jovens Artistas de Paris. Isto foi seguido de um período de estudo e trabalho no norte da África e na América, onde ele viveu por um tempo na cidade de Nova York. Foi lá que ele realizou sua primeira individual nos Estados Unidos: “Agostino Bonalumi: Painting-Constructions”, apresentada na Galeria Bonino em 1967.

Blu abitabile, 1967

Estar em contato com a arte era importante para o pintor e escultor, que dizia que “a beleza é para ser experimentada, não descrita”. Na década de 1960 ele se voltou para os ambientes, trabalhos em que o espectador pode participar e interagir ativamente. Suas peças mais importantes são “Blu abitabile” (1967), “Grande ambiente bianco e nero” (1968) e “Ambiente pittura dal giallo al bianco e Dal Bianco al giallo” (1979), entre outras.

Ao longo de sua trajetória, a estroflessioni provou ser uma inovação altamente adaptável, que resultou em um corpo extremamente diversificado de trabalho. Demonstrando sua capacidade como escultor para inventivas formas tridimensionais, Bonalumi avivou suas telas com volumes, elementos lineares, padrões geométricos e misteriosas complexidades; ao contrário de seus contemporâneos Castellani e Manzoni, Bonalumi também abraçou as cores. Em vários pontos de sua carreira, ele trouxe a tridimensionalidade em seus trabalhos, criando esculturas e ambientes imersivos. O artista também se envolveu em outros projetos, como em 1970, quando projetou cenários e figurinos para “Partita ballet”, de Susanna Egri, encenada no Teatro Romano de Verona, e em 1972, idealizando cenário e figurinos para o balé Rot, realizado no Teatro dell’Opera em Roma.

Agostino Bonalumi foi agraciado com o Prêmio Presidente della Repubblica, em 2002; nesta ocasião, a Accademia Nazionale di S. Luca apresentou uma retrospectiva de sua obra no Palazzo Carpegna, Roma. No mesmo ano ele participou da mostra Themes and Variations, na Peggy Guggenheim Collection, em Veneza. Em 2003 uma exposição de sua obra teve lugar na Civica Galleria d’Arte Moderna em Gallarate, além de participar da mostra “Futuro Italiano” no Parlamento Europeu, em Bruxelas, durante a presidência italiana da União Europeia. Em 2003-04, uma exposição individual do trabalho do artista foi realizada no Institut Mathildenhöe, Darmstadt. Agostino Bonalumi morreu em 18 de Setembro de 2013.

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