Feira SP-Arte chega ao fim menos eufórica e com vendas 'mais lentas'

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Menos eufórica e espalhafatosa do que no ano passado, a feira SP-Arte fechou as portas de sua décima edição neste domingo com bons resultados para galerias estrangeiras e vendas mais lentas nas casas brasileiras, em especial de arte moderna.

Enquanto casas de fora ajustaram suas seleções de obras para refletir um momento econômico de maior apreensão, com a Copa do Mundo, eleições e rebaixamento da nota da economia brasileira, o mercado de arte moderna nacional inflou seus preços na tentativa de competir com obras de fora, mas acabou com muitas peças encalhadas.

É o caso de obras de valor estratosférico, como uma pintura de Tarsila do Amaral de R$ 17 milhões, talvez a obra mais cara da feira, no estande da galeria Almeida Dale, ou de obras de Di Cavalcanti, de R$ 7 milhões, ou uma grande pintura de Iberê Camargo, de R$ 2,45 milhões.

Mas nenhuma delas havia encontrado um comprador até o fim da feira no parque Ibirapuera. Quem teve mais sorte foram as galerias de arte contemporânea do país. Casas como a Casa Triângulo e a Nara Roesler, que chegou a renovar as obras de seu estande três vezes durante a feira, reportaram vendas acima da média.

Luisa Strina, Millan e a maior gigante global, Gagosian, no entanto, disseram que suas vendas foram mais “lentas” do que em edições passadas. Mesmo assim, algumas vendas saltam aos olhos.

Uma obra de Cildo Meireles foi vendida por R$ 1,8 milhão na galeria Luisa Strina. Nara Roesler vendeu uma instalação do cinético argentino Julio Le Parc por R$ 2,1 milhões e uma peça de Abraham Palatnik por R$ 903 mil.

Entre as casas estrangeiras, uma tela de Lucio Fontana foi vendida por R$ 3,09 milhões pela galeria italiana Cardi. Outra pintura de Georg Baselitz saiu por R$ 1,47 milhão na galeria francesa Thaddaeus Ropac.

Sem revelar números, Karla Meneghel, diretora da filial paulistana da galeria britânica White Cube, disse que este foi o melhor ano da casa na SP-Arte, feira da qual participa já há três anos.

Longe disso, as galerias do mercado secundário, ou seja, as que vendem peças de arte moderna ou obras de artistas que já passaram por coleções de terceiros antes de voltar ao mercado, tiveram desempenho menos favorável.

Segundo agentes de mercado, um dos motivos foi o receio de colecionadores de investir em obras de arte moderna nacional com medo do recente decreto do Instituto Brasileiro de Museus, órgão do Ministério da Cultura, que dá ao governo permissão para declarar de interesse público peças em poder de colecionadores privados.

“Colecionadores estão com medo de comprar e investir”, diz Renato Magalhães Gouvêa, da galeria Arte 57. “Precisa consertar de uma vez os erros nesse decreto. Isso teve um impacto nessa feira. Até na hora de emprestar as obras, as pessoas perguntam se tem algum problema.”

Fonte: Folha de SP

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