Regime chinês vai demolir estudio de Ai Weiwei

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É difícil ser profeta em terra própria. E mais quando se é Ai Weiwei, um dos artistas mais polêmicos e críticos da China. Enquanto a Tate Gallery de Londres expõe a sua última excentricidade, uma instalação composta por milhões de sementes de girassol, o seu estúdio de Xangai enfrenta a demolição.

Ainda que as autoridades da cidade tenham convidado Ai Weiwei a mudar-se, ditaram agora uma ordem de demolição contra a construção argumentando que é ilegal.

Devido às suas frequentes críticas ao regime de Pequim e à sua permanente denúncia da corrupção no Partido Comunista, Ai Weiwei sofre uma autêntica perseguição na China. No ano passado, teve inclusive de ser operado depois de ter sido agredido pela polícia quando investigava a demolição massiva de escolas durante o devastador terremoto de Sichuan.

Ainda que o sismo tenha provocado cerca de 90 000 mortes, Ai Weiwei e outros ativistas detidos pelo regime, como Tan Zuoren, denunciaram que milhares de salas de aula tinham ficado destruídas porque as autoridades corruptas tinham desviado fundos e tinham-nas construído com materiais de má qualidade.

A ordem final de demolição – que dará ao artista 20 dias para se mudar – poderá chegar a qualquer momento, afirmou Ai, que no entanto está planjenando uma festa de despedida no estúdio no próximo domingo, para “celebrar a sua vida e morte”.

Aos convidados serão oferecidas centenas de caranguejos de rio – uma iguaria de Xangai muito aprecidada, cujo nome em mandarim é um homónimo para “harmonia”, termo usado frequentemente pelo Governo para afirmar os seus próprios sucessos no país, adotado agora pelos críticos, que o usam para criticar o regime.

“Assim que disse que [o estúdio]seria destruído, tive centenas de apoiadores que quiseram vê-lo. Eu disse que quem quisesse fazer uma festa podia ser meu convidado e algumas centenas de pessoas querem vir”, disse Ai.

“Esperemos que seja uma festa harmoniosa, mas não sei como o Governo local vai reagir”.

Disponível em: www.abc.es e www.guardian.co.uk

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