Art Basel Miami Beach 2025 se reforça como vitrine das Américas, com vendas fortes, boom digital e visibilidade para vozes latinas e brasileiras
A Art Basel Miami Beach 2025 reafirmou Basel Miami como o encontro mais influente das Américas. Reunindo 283 galerias de 43 países e cerca de 80 mil visitantes, a 23ª edição consolidou um cenário de confiança após anos de oscilação do mercado. Sob a direção de Bridget Finn, a feira combinou rigor curatorial, abertura a novas mídias e uma clara ampliação geográfica.
Nos primeiros dias, as vendas sinalizaram um mercado mais firme. David Zwirner colocou um Gerhard Richter por 5,5 milhões de dólares e Lévy Gorvy Dayan vendeu o Muhammad Ali de Andy Warhol por 18 milhões, o recorde da edição. Hauser & Wirth reportou 40% de crescimento em relação a 2024, com obras de George Condo e Louise Bourgeois reservadas antes mesmo da abertura. Paralelamente, o mid-market mostrou vitalidade, com instituições adquirindo obras entre 12 e 100 mil dólares, caso de aquisições por museus norte-americanos e de galerias como Cayón, Goodman Gallery e Mai 36 Galerie.
Essa combinação de grandes vendas previamente negociadas e um mercado intermediário mais saudável sugere um novo equilíbrio. A feira segue como palco de negociações de alto valor, mas também como espaço para construção de relações, prospecção de talentos e amadurecimento de futuras transações, reforçando seu papel estratégico no calendário global.

Cabeças de cera de Mark Zuckerberg e Jeff Bezos são exibidas em cães robôs como parte de uma instalação de arte chamada “Regular Animals” (Animais Comuns), do artista digital Mike Winkelmann, também conhecido como Beeple, durante a Art Basel 2025 no Miami Beach Convention Center. Foto de Chandan Khanna / AFP via Getty Images.
Art Basel Miami e o impacto do digital
A grande novidade estrutural foi Zero 10, setor dedicado à arte digital em parceria com a OpenSea. Beeple apresentou cães-robôs interativos, com edições vendidas por 100 mil dólares em poucas horas. Artistas como Michael Kozlowski, Emily Xie e Dmitri Cherniak tiveram todas as edições esgotadas rapidamente. Zero 10 sinaliza a entrada definitiva da arte digital no ecossistema de feiras e cria pontes entre colecionadores tradicionais e o público tech.
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As seções Nova e Positions foram deslocadas para uma entrada estratégica, reforçando o foco em descoberta e novos discursos. Com 48 estreantes, a feira ampliou sua diversidade geográfica, com maior presença latino-americana e diaspórica, além de práticas ligadas a narrativas indígenas e afro-descendentes. No eixo brasileiro, nomes como Adriana Varejão reforçaram a conexão crescente entre Miami e o circuito sul-americano.
Ao final, Basel Miami 2025 marcou o início de um novo ciclo: um mercado mais estável, uma feira mais plural e uma abertura real para linguagens digitais e para geografias historicamente periféricas. A leitura geral é clara: o futuro do mercado global passa, cada vez mais, por Miami.
