Ícone pop japonês, Yoshitomo Nara encerra parceria com a Pace e se junta à David Zwirner, que fará a primeira individual do artista em Nova York

Yoshitomo Nara, um dos artistas mais reconhecidos da arte contemporânea japonesa, encerrou um ciclo de 14 anos com a Pace Gallery para integrar o seleto grupo de representados pela David Zwirner. A galeria nova-iorquina, com sedes em Hong Kong, Londres, Los Angeles e Paris, anunciou que realizará uma mostra individual do artista em sua sede de Nova York, ainda sem data definida.

Conhecido por suas pinturas, esculturas e desenhos que combinam a estética kawaii com uma profunda dimensão emocional, Nara construiu uma carreira marcada por personagens solitários, muitas vezes crianças ou animais, que expressam uma mescla de vulnerabilidade e resistência. Seu estilo, inspirado no universo do mangá e na cultura punk, reflete tanto o trauma coletivo do pós-guerra quanto a sensibilidade de uma geração moldada pela contracultura e pela música.

Yoshitomo Nara: entre o lirismo pop e a força da resistência

Em comunicado, Nara afirmou sentir-se “afortunado por poder criar sob a orientação de um galerista que compartilha o mesmo espírito e as referências culturais de sua geração”. David Zwirner retribuiu o entusiasmo, destacando que a obra do artista “é como uma grande canção: pessoal, emotiva, experimental e genuína”.

Nascido em Hirosaki, em 1959, Nara formou-se em Belas Artes pela Aichi Prefectural University, no Japão, e completou seus estudos na Kunstakademie Düsseldorf, na Alemanha, onde foi aluno de A. R. Penck. Durante os anos 1990, viveu em Colônia, período decisivo para o desenvolvimento de suas icônicas cabeças de olhar melancólico e penetrante.

Nara começou a expor na década de 1980 e, desde então, acumulou uma trajetória internacional notável, com exposições no Guggenheim Bilbao, LACMA, Albertina Modern, Aomori Museum e Hayward Gallery, em Londres – esta última considerada por Zwirner uma “revelação” pela generosidade e autenticidade do artista.

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Seu trabalho é amplamente colecionado e disputado no mercado primário e secundário. Em 2019, o quadro Knife Behind Back (2000) foi vendido na Sotheby’s Hong Kong por US$ 24,9 milhões, estabelecendo seu recorde em leilão. Desde então, mais de uma dúzia de suas obras ultrapassaram a marca de oito dígitos. Ao mesmo tempo, Nara mantém uma conexão com o público mais amplo através de edições acessíveis e produtos colecionáveis que circulam em escala global.

Com a nova parceria, a David Zwirner passa a representar um dos artistas mais emblemáticos do Japão contemporâneo, cuja obra transita entre a delicadeza e a rebeldia, o lirismo e o inconformismo, reafirmando o poder da arte de emocionar e resistir.