Sotheby’s oferecerá em novembro o autorretrato El sueño (La cama), de Frida Kahlo, com estimativa de até US$ 60 milhões e chance de recorde histórico
A Sotheby’s revelou que apresentará em novembro, em Nova York, o autorretrato El sueño (La cama), de 1940, de Frida Kahlo. Avaliada entre US$ 40 milhões e US$ 60 milhões, a obra tem potencial para não apenas ultrapassar o recorde da artista – estabelecido em 2021, quando Diego y yo alcançou US$ 34,9 milhões, mas também quebrar o recorde de maior valor pago por uma obra de mulher artista em leilão, detido por Georgia O’Keeffe desde 2014.
No autorretrato, Kahlo aparece deitada em uma cama suspensa contra o céu azul, seu corpo entrelaçado por cipós, enquanto um esqueleto com dinamite repousa sobre o dossel. A pintura foi criada em um período turbulento da vida da artista, marcado pelo assassinato de Leon Trotsky e pelo divórcio de Diego Rivera. Elementos pessoais e simbólicos reforçam a intensidade do trabalho, descrito pela Sotheby’s como uma oportunidade “rara e especial”, já que a maioria das obras de Kahlo pertence a museus ou permanece no México.
Exposição global e a força das artistas mulheres
A tela integra a venda única “Exquisite Corpus”, que reúne 80 obras surrealistas de nomes como Salvador Dalí, René Magritte, Kay Sage e Remedios Varo. Antes do leilão, El sueño (La cama) será exibida em Londres, Abu Dhabi, Hong Kong e Paris, ampliando o alcance do evento e atraindo colecionadores internacionais.
O anúncio reforça o crescimento expressivo da valorização de mulheres surrealistas e da própria Kahlo no mercado. Antes da venda recorde de Diego y yo, em 2021, a artista tinha alcançado apenas US$ 8 milhões em 2016. Paralelamente, o interesse por nomes como Leonora Carrington e Remedios Varo se consolidou após a Bienal de Veneza de 2022, enquanto Magritte alcançou US$ 121 milhões em 2024 com L’empire des lumières.
A Sotheby’s aposta que a venda será um dos pontos altos da temporada de outono. Mais do que um leilão, a disputa em torno de El sueño (La cama) simboliza o crescente reconhecimento da produção feminina e latino-americana no mercado de arte contemporâneo e moderno, consolidando Frida Kahlo como uma das vozes mais poderosas da história da arte no século 20.