Com obras de Van Gogh, Klimt e Matisse, Sotheby’s garante consignaçōes das coleções coleções Pritzker e Lauder, que juntas podem superar US$ 520 milhões de vendas em Nova York
A Sotheby’s conquista dois dos mais significativos acervos privados deste outono: o da família Pritzker e o de Leonard Lauder, bilionário da indústria de cosméticos. Juntos, os conjuntos superam US$ 520 milhões e chegam ao mercado num momento delicado, em que o setor enfrenta retração e perdas crescentes das casas de leilão. As vendas marcam também a estreia das novas instalações no Breuer Building, em Manhattan, agora sede global da Sotheby’s. O local, projetado por Marcel Breuer, carrega ainda uma simbologia extra: os Pritzkers criaram o célebre Pritzker Prize de arquitetura, recebido em 2001 pelos arquitetos Jacques Herzog e Pierre de Meuron, hoje responsáveis pela reforma do edifício.

Uma obra de Vincent van Gogh avaliada em US$ 40 milhões, “Romans Parisiens” (Les Livres jaunes), lidera a Coleção Cindy e Jay Pritzker. Foto: Michael Tropea | Cortesia da Sotheby’s
A coleção Pritzker
Com 37 obras, a coleção formada por Jay e Cindy Pritzker destaca-se pelo apreço à modernidade europeia. O lote central é Romans Parisiens (Les Livres jaunes) (1887), de Vincent van Gogh, estimado em US$ 40 milhões e exibindo as icônicas capas amarelas da editora Charpentier. Há ainda peças de Paul Gauguin, Wassily Kandinsky, Henri Matisse, Joan Miró, Max Beckmann e Ernst Ludwig Kirchner.
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Obras adicionais de Braque, Le Corbusier, Botero e Calder serão distribuídas por diferentes leilões da Sotheby’s. O casal, que fundou o prestigiado Pritzker Architecture Prize em 1979, reuniu seu acervo ao longo de décadas, unindo rigor intelectual e sensibilidade artística.
O acervo Lauder
A coleção de Leonard Lauder, com 55 obras, é a mais valiosa anunciada até agora para a temporada. Seu ápice é Retrato de Elisabeth Lederer (1914–16), de Gustav Klimt, estimado acima de US$ 150 milhões. Duas paisagens de Klimt reforçam o protagonismo do artista, avaliadas entre US$ 70 e 100 milhões. O conjunto inclui ainda trabalhos de Edvard Munch, Agnes Martin e Henri Matisse, confirmando o gosto refinado do colecionador, falecido em junho de 2025. Avaliado em US$ 400 milhões, o acervo Lauder tem potencial para reposicionar a Sotheby’s em meio às perdas recentes.
Rivalidade no topo
O anúncio intensifica a competição com a Christie’s, que neste semestre apresenta a coleção Weis, avaliada em US$ 180 milhões, além de obras de Elaine Wynn que devem render mais de US$ 75 milhões. A disputa entre as casas ressalta o esforço de oferecer garantias financeiras agressivas para atrair consignaçōes em meio à retração do mercado.
Com a entrada simultânea desses acervos no circuito internacional, o outono de 2025 promete ser um dos mais emblemáticos da década, tanto pela qualidade das obras quanto pela disputa entre as duas gigantes do mercado.