Novos perfis, ajustes de preços e tendências culturais estão transformando o que colecionadores compram e como se relacionam com o mercado
Um dos movimentos mais marcantes deste ano é a entrada de compradores com menos de 40 anos, vindos principalmente dos setores de tecnologia, finanças e indústrias criativas. Mais atentos à relevância cultural que ao prestígio histórico, eles priorizam obras abaixo de 250 mil dólares, faixa que cresceu com força em meio à retração das vendas acima de 1 milhão. Esse público valoriza experiências híbridas, transparência e narrativas que conectem investimento a impacto cultural.
As casas de leilão responderam ampliando a oferta de obras até 50 mil dólares, tornando o mercado mais acessível e dinâmico. A correção de preços no segmento emergente, após o pico especulativo do pós-pandemia, abriu espaço para aquisições estratégicas e sustentáveis.
Surrealismo em alta e legado dos mestres
O Surrealismo vive um renascimento global. O centenário do Centre Pompidou e vendas expressivas na Christie’s reforçaram o vigor de artistas que dialogam com o subconsciente em tempos de incerteza. Para muitos colecionadores, o movimento combina potência estética e relevância psicológica, tornando-se um dos segmentos mais sólidos do momento.
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Ao mesmo tempo, a busca por nomes consagrados permanece resiliente. Cecily Brown, Yayoi Kusama e Gerhard Richter mantêm forte demanda, enquanto Picasso e Monet seguem como parâmetros de valor e prestígio. Essa convivência entre legado e renovação mostra um mercado mais amplo e multifacetado.

Luminária de Frank Lloyd Wright arrematada no leilão de Arte Moderna da Sotheby’s em maio por US$ 7,5 milhões, superando a expectativa inicial entre US$ 3 e US$ 5 milhões
Novas categorias e o futuro das coleções
Com a maior transferência de riqueza da história em andamento, cresce o interesse em categorias alternativas de coleção. O design conquistou protagonismo após a venda de uma luminária de Frank Lloyd Wright na Sotheby’s, e a joalheria fina começa a ser reconhecida como arte colecionável, valorizada por sua qualidade, proveniência e potencial de investimento.
Esse movimento reflete a maturidade de novos compradores, que combinam visão global, fluência digital e desejo por diversidade. Mais do que um investimento, adquirir arte torna-se também uma declaração cultural.
Um mercado em recalibração
Longe de ser um período de retração, 2025 consolida um mercado mais jovem, diversificado e estratégico. Colecionadores estão atentos às oportunidades, equilibrando paixão e precisão em cada aquisição. Para novos entrantes e veteranos, a chave está em acompanhar tendências, agir com flexibilidade e pensar no longo prazo.
No cenário atual, quem se mantém informado e engajado encontra não apenas boas oportunidades financeiras, mas também a chance de moldar culturalmente o futuro do colecionismo.
Fonte: Observer