A mostra Crossing Borders, realizada em parceria com a Grosvenor Gallery, marca a maior investida da Phillips na arte moderna do sul da Ásia
A Phillips, uma das principais casas de leilão do mundo, intensifica sua presença no mercado de arte do sul da Ásia com a mostra Crossing Borders, em cartaz até 31 de julho em Berkeley Square, Londres. A exposição, organizada em parceria com a Grosvenor Gallery, apresenta obras de 64 artistas que marcaram o modernismo sul-asiático ao longo do século 20, entre eles Bhupen Khakhar, Nilima Sheikh, S.H. Raza, F.N. Souza e Huma Bhabha.
A iniciativa surge em um momento de aquecimento do mercado: além do crescimento econômico sustentado na região e do surgimento de novos museus privados na Índia, há também um aumento do interesse de instituições ocidentais por artistas do Sul Global. A mostra coincide com uma série de exposições em Londres que destacam a arte sul-asiática, promovidas por espaços como a Royal Academy, a Serpentine Galleries, o Barbican e a Frieze Cork Street.
Os preços das obras variam entre £5 mil e £1,5 milhão, com destaque para uma pintura dos anos 1950 de M.F. Husain, cuja obra Gram Yatra alcançou US$ 13,7 milhões na Christie’s em março deste ano – recorde absoluto para a pintura indiana em leilão.
Colaboração estratégica e modelo híbrido de mercado
A exposição representa também uma mudança de paradigma na atuação da Phillips, que até então teve presença tímida nesse segmento, diferentemente de Christie’s, Sotheby’s e Bonhams, que há décadas promovem vendas dedicadas à arte sul-asiática. A parceria com a Grosvenor Gallery, referência nesse mercado, permite à Phillips compartilhar custos e lucros, além de ampliar o alcance entre colecionadores regionais.
Sob a liderança de Yassaman Ali, agora também responsável por Sul da Ásia além de Oriente Médio e Norte da África, a Phillips propõe uma abordagem inclusiva: integrar artistas sul-asiáticos aos grandes contextos globais, sem segregá-los em vendas regionais. “Queremos dar visibilidade sem criar distinções que os marginalizem”, afirma Ali.
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O modelo da mostra – uma venda privada realizada com suporte museográfico – sinaliza a tendência crescente das casas de leilão investirem em experiências híbridas, especialmente diante de um mercado mais cauteloso com leilões públicos. Segundo Conor Macklin, fundador da Grosvenor, a transparência da operação é uma prioridade: “Com o crescimento da área de vendas privadas, essa colaboração fortalece nossa atuação com infraestrutura e visibilidade internacional.”
Para a Grosvenor, que atua em St. James’s com um espaço limitado, a parceria permite realizar uma grande mostra com apoio logístico e promocional da Phillips. Já para a casa de leilões, é uma chance de fincar os pés em um dos mercados mais promissores do momento. A exposição Crossing Borders é, assim, um marco para ambos e uma ponte significativa entre o modernismo sul-asiático e o circuito global da arte.