Louvre anuncia concurso de design para sua expansão de US$ 400 milhões

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O concurso internacional proposto pelo Louvre deve criar nova entrada e uma sala exclusiva para a Mona Lisa, marcando uma nova fase de modernização do museu

Poucas semanas após uma greve repentina expor os desafios de superlotação do Musée du Louvre, a instituição francesa anunciou um audacioso plano de expansão que pretende redefinir sua relação com o público. O projeto de €400 milhões (cerca de US$ 417 milhões) prevê uma nova entrada e uma galeria subterrânea dedicada exclusivamente à obra mais icônica do museu: Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.

A ampliação será definida por um concurso internacional de arquitetura, cujo vencedor será selecionado em outubro por um júri de 21 especialistas e anunciado no início de 2026. Diferente da emblemática pirâmide de vidro criada por I.M. Pei em 1989, a nova entrada será integrada à fachada clássica do século XVII, voltada para o rio Sena.

Além da nova entrada, o projeto inclui uma galeria de 3 mil metros quadrados sob a Cour Carrée, espaço que será acessado por entrada separada, com hora marcada e taxa adicional. A diretora do museu, Laurence des Cars, ressaltou o objetivo de proporcionar uma experiência mais contemplativa e contextualizada com a obra-prima de Da Vinci, abordando inclusive episódios históricos como o roubo de 1911.

Dezenas de visitantes erguem seus celulares sobre a cabeça na tentativa de fotografar Mona Lisa, no Louvre

Novo Renascimento: modernização e ampliação da capacidade

A expansão marca uma resposta direta aos desafios enfrentados pelo museu mais visitado do mundo, que em 2024 recebeu quase 9 milhões de visitantes. A ambição, segundo o presidente Emmanuel Macron, é alcançar a marca de 12 milhões de pessoas por ano – um objetivo antigo, anunciado em 2014 e interrompido pela pandemia.

O projeto intitulado Nouvelle Renaissance tem apoio direto do governo francês e deve ser financiado por meio da bilheteria e de patrocínios. Em 2024, o ingresso foi reajustado e, segundo anúncio recente de Macron, visitantes de fora da União Europeia pagarão uma taxa adicional de €5.

A proposta surge após o vazamento de um memorando interno no qual Laurence des Cars alertava sobre a infraestrutura defasada, incluindo sistemas de climatização precários e instalações sanitárias insatisfatórias. A combinação de alta demanda e estrutura comprometida tornou urgente a necessidade de reestruturação.

A iniciativa também representa uma tentativa de redefinir a experiência de visita ao Louvre, conciliando preservação patrimonial com soluções contemporâneas de acolhimento. A Mona Lisa, frequentemente cercada por multidões de celulares erguidos, passará a ter um espaço onde o público poderá se conectar de forma mais direta e significativa com a obra.

Com a expansão, o Louvre sinaliza não apenas sua relevância histórica, mas sua disposição em acompanhar os novos tempos — sem perder de vista a missão de oferecer acesso qualificado à arte e ao conhecimento.

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