Tamara de Lempicka lidera leilão em Londres com obra recorde de US$ 10 milhões

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Tamara de Lempicka lidera venda da Sotheby’s Londres com pintura de 1927 arrematada por mais de US$ 10 milhões, em leilão marcado pela presença feminina

A tradicional venda noturna de arte moderna e contemporânea da Sotheby’s em Londres trouxe à tona um momento raro e expressivo para a presença feminina no topo do mercado. O destaque absoluto foi a obra La Belle Rafaëla (1927), de Tamara de Lempicka, arrematada por £7,47 milhões (US$ 10,05 milhões), marcando um salto extraordinário em relação à sua última aparição em leilão, em 1985, quando foi vendida por apenas £178.278. A venda vem logo após a retrospectiva da artista no de Young Museum, em San Francisco, encerrada em fevereiro de 2025.

O total arrecadado na noite chegou a £62,43 milhões (US$ 83,97 milhões), dentro da faixa inferior da estimativa pré-venda. No entanto, o evento se destacou por alocar 30% do valor total de vendas em obras de mulheres artistas – um número bem acima da média histórica do setor.

Entre os principais lotes femininos, Jenny Saville brilhou com Juncture (1994), vendida por £5,4 milhões (US$ 7,26 milhões), e Mirror (2011–12), que superou o teto estimado e alcançou £2,11 milhões (US$ 2,87 milhões), estabelecendo um novo recorde para um desenho da artista em leilão.

Elizabeth Peyton também teve performance notável. Seu retrato dos irmãos Gallagher, da banda Oasis, foi vendido por £1,99 milhão (US$ 2,67 milhões), valor seis vezes maior que o alcançado pela obra em 2011, tornando-se sua segunda venda mais valiosa já registrada.

Tamara de Lempicka, La Belle Rafaëla, 1927. Courtesy of Sotheby’s.

Tamara de Lempicka, La Belle Rafaëla, 1927. Courtesy of Sotheby’s.

Clássicos modernos seguem fortes em noite de equilíbrio

Além das artistas mulheres, nomes consagrados seguiram em alta. Pablo Picasso teve destaque com Nu assis dans un fauteuil (1964–65), vendido por £7,11 milhões (US$ 9,57 milhões), seguido por Claude Monet, cuja obra Aux Petites-Dalles (1884) atingiu £5,65 milhões (US$ 7,6 milhões), quase o triplo do valor alcançado em leilão no ano 2000.

Jean-Michel Basquiat também marcou presença com Untitled (Indian Head) (1981), que chegou a £6,62 milhões (US$ 8,91 milhões). Já seis obras de Roy Lichtenstein, provenientes de sua coleção pessoal, renderam um total de £5,98 milhões (US$ 8,05 milhões), com destaque para Purist Still Life with Pitcher (1975).

Apesar do desempenho sólido, oito obras foram rejeitadas na noite, incluindo criações de Egon Schiele, Pierre-Auguste Renoir e Barbara Hepworth. O resultado confirma uma tendência já percebida em leilões anteriores: um mercado seletivo, onde qualidade, contexto e narrativa fazem diferença.

Mesmo diante de um cenário econômico cauteloso, o leilão londrino demonstrou vitalidade e abriu espaço para artistas mulheres brilharem ao lado de ícones históricos. Um sinal promissor para o futuro do colecionismo e para a reconfiguração das dinâmicas do mercado.

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