Art Basel 2025 exibe força com vendas de obras blue-chips e estratégias de risco calculado, refletindo um mercado cauteloso, porém resiliente
A 55ª edição da Art Basel, realizada sob céu azul e calor intenso na Suíça, reafirmou o status da feira como um dos pilares do calendário internacional da arte. Em meio a um cenário de leilões tímidos e colecionismo cauteloso, as principais galerias globais apostaram em uma estratégia clara: diversificação de preços, estilos e períodos históricos para seduzir um público exigente e em constante transformação.
David Zwirner confirmou a venda de 68 obras até às 17h do primeiro dia, incluindo um trabalho de Ruth Asawa por US$ 9,5 milhões, uma pintura de Gerhard Richter por US$ 6,8 milhões e duas novas obras de Dana Schutz, vendidas por US$ 1,2 milhão e US$ 850 mil. O estande ainda incluía uma obra de Richter avaliada em US$ 28 milhões.
O destaque absoluto, porém, veio da galeria londrina Annely Juda Fine Art, que negociou Mid November Tunnel (2006), de David Hockney, por um valor estimado entre US$ 13 milhões e US$ 17 milhões. Já a Hauser & Wirth chamou atenção com a hipnótica tela de Rothko, No. 6/Sienna, Orange on Wine (1962), apresentada pela primeira vez em Basel na década de 1960. Embora o preço não tenha sido divulgado, obras semelhantes já alcançaram entre US$ 30 e US$ 50 milhões em leilão.
Táticas e curadorias ousadas em tempos incertos
Galerias como Pace e Gagosian também evidenciaram estratégias de risco calculado, com um mix entre artistas consagrados e novas vozes contemporâneas. A Pace, por exemplo, dividiu seu estande entre obras recentes e peças históricas de alto valor, com vendas expressivas como Untitled #5 (2002), de Agnes Martin, por mais de US$ 4 milhões, e um Picasso de US$ 30 milhões.
Gagosian apresentou obras com preços entre US$ 30 mil e US$ 30 milhões, com curadoria assinada por Francesco Bonami. O estande incluiu desde novos trabalhos de Jadé Fadojutimi e Sarah Sze até ícones como Christo e Picasso, além de uma reinterpretação provocativa da escultura Him, de Maurizio Cattelan, agora intitulada No (2021), com o rosto coberto por um saco de papel.
White Cube, por sua vez, destacou-se com a venda de Red Birds (2022), de Cai Guo-Qiang, por US$ 1,2 milhão, além de obras de Danh Vo, Sam Gilliam, Tracey Emin e Georg Baselitz. A galeria enfatizou o interesse institucional em suas obras, em especial da Europa, em um evento marcado pela presença reduzida de colecionadores norte-americanos.
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Na ala institucional e crítica, nomes como Louise Bourgeois, Mark Bradford, Rashid Johnson e Joan Mitchell reafirmaram o apelo de artistas modernos e contemporâneos, enquanto espaços como o setor Unlimited revelaram curadorias mais inclusivas e globais. Segundo o CEO da feira, Noah Horowitz, Art Basel ainda representa um rito de passagem para novas gerações de colecionadores.
A atmosfera foi descrita como vibrante por diretores de galerias como Sprüth Magers e Lisson Gallery, que venderam obras de Barbara Kruger, Sterling Ruby, Dalton Paula, Lee Ufan e Olga de Amaral. Apesar de algumas vendas mais lentas, como no caso da Mazzoleni Gallery, o otimismo geral prevaleceu.
Como sintetizou um representante da Sotheby’s: “Há muita riqueza no mundo e, em tempos de incerteza, colecionadores continuam dispostos a investir em arte de qualidade.”