Obra a óleo de Turner, feita aos 17 anos e vendida como anônima por US$ 506, ressurge com assinatura e pode alcançar US$ 500 mil na Sotheby’s
A celebração global dos 250 anos de nascimento de Joseph Mallord William Turner ganhou um capítulo surpreendente com a redescoberta de sua primeira pintura a óleo exibida publicamente. Intitulada The Rising Squall, Hot Wells, from St. Vincent’s Rock, Bristol (1792), a obra foi encontrada após mais de 150 anos desaparecida, vendida no ano passado por apenas US$ 506 com atribuição incorreta. Após limpeza e restauração, a assinatura do jovem Turner reapareceu, confirmando sua autoria.
Pintada aos 17 anos, quando Turner ainda era estudante da Royal Academy of Art, a obra foi exposta pela primeira vez em 1793, dias antes de seu 18º aniversário. Considerada agora sua estreia em óleo nas exposições da academia, a pintura retrata a paisagem melancólica de Hot Wells House, em Bristol — um tema típico da sensibilidade romântica do artista.
A peça será leiloada em 2 de julho de 2025 pela Sotheby’s Londres, durante o Old Masters & 19th Century Paintings Evening Auction, com estimativas entre US$ 270 mil e US$ 400 mil. O valor pode chegar a meio milhão, considerando o impacto histórico da obra, sua raridade e o marco do bicentenário do artista.

JMW Turner, The Rising Squall, Hot Wells, de St. Vincent’s Rock, Bristol (1792). Imagem cortesia da Sotheby’s.
Impacto na História da Arte e no Mercado de Old Masters
The Rising Squall foi mencionada pela última vez em uma exibição na Tasmânia, em 1858, antes de desaparecer. Até então, acreditava-se que a primeira obra a óleo exibida por Turner fosse Fisherman at Sea (1796). A confirmação da autoria foi feita por estudiosos renomados após análise técnica e comparativa com desenhos preparatórios em sketchbooks e aquarelas da coleção Tate.
A pintura havia sido comprada originalmente pelo reverendo Robert Nixon, amigo e patrono de Turner, provavelmente por encomenda. Seu reaparecimento corrige uma lacuna significativa no entendimento da evolução técnica do artista ainda adolescente.
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Segundo Julian Gascoigne, especialista da Sotheby’s, a obra “muda o que sabíamos sobre a fase inicial de Turner, mostrando sua maestria precoce ao traduzir a experiência com aquarela para o óleo”.
A redescoberta e a nova atribuição chegam em momento oportuno, com Turner sendo homenageado com exposições no Reino Unido, EUA e China. Em 2014, a obra Rome, from Mount Aventine (1835) bateu o recorde do artista ao ser vendida por US$ 47,4 milhões, sinalizando o alto potencial de valorização de peças com essa relevância histórica.