“In Minor Keys”: A Bienal de Veneza de 2026 será realizada conforme a visão de Koyo Kouoh

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A Bienal de Veneza 2026 será guiada pela visão da curadora Koyo Kouoh, que faleceu em maio, mantendo íntegra sua proposta original.

A Bienal de Veneza de 2026, uma das exposições de arte mais prestigiadas do mundo, será realizada conforme a proposta original da curadora camaronense Koyo Kouoh, falecida inesperadamente em maio deste ano, aos 57 anos. Intitulada In Minor Keys, a 61ª edição da Bienal terá sua abertura oficial em 9 de maio de 2026 e permanecerá em cartaz até 22 de novembro. A decisão de manter a concepção original partiu da organização do evento, com o apoio da família da curadora e da equipe curatorial que ela mesma escolheu.

Com uma trajetória marcada pela defesa de práticas artísticas comprometidas com o social, Kouoh delineou uma proposta curatorial sensível, guiada por aspectos como subjetividade, afetividade e escuta profunda. A metáfora das “escalas menores”, que dá nome à mostra, sugere uma recusa à grandiosidade formal e ao espetáculo. Em vez disso, aposta na escuta emocional e na criação de espaços de encontro e ressonância em tempos de cansaço coletivo e rupturas globais.

Koyo Kouoh. Foto de Dave Southwood para a ARTnews

Koyo Kouoh. Foto de Dave Southwood para a ARTnews

A equipe responsável por levar adiante a mostra é formada por cinco profissionais que participaram ativamente da elaboração do projeto: Gabe Beckhurst Feijoo, Marie Helene Pereira, Rasha Salti, Siddhartha Mitter e Rory Tsapayi. Durante a coletiva de imprensa de anúncio, foram compartilhadas passagens do texto original de Kouoh, em que a curadora convocava a arte a ser lugar de descanso, alegria e cura. “Precisamos da radicalidade da alegria. O tempo chegou”, escreveu ela em 2022.

Kouoh foi a primeira mulher africana a assumir a curadoria da exposição principal da Bienal. Reconhecida por sua atuação à frente do Zeitz MOCAA (Museu de Arte Contemporânea da África) na Cidade do Cabo, e cofundadora do Raw Material Company, no Senegal, sua morte foi sentida como uma grande perda para o campo curatorial internacional.

Embora os nomes dos artistas participantes ainda não tenham sido divulgados — o anúncio está previsto para fevereiro de 2026 —, sabe-se que todos foram escolhidos por Kouoh, respeitando sua visão original. Os critérios de seleção priorizam artistas cujas práticas se fundem com a vida social, ultrapassando formatos tradicionais e ressignificando os papéis da arte contemporânea no mundo atual.

A Bienal de Veneza continua sendo o centro nevrálgico da arte internacional. Com a decisão de manter o projeto concebido por Kouoh, o evento não apenas preserva o legado de uma das curadoras mais relevantes de sua geração, como também reafirma a arte como instrumento de escuta, afeto e transformação coletiva.

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