Em meio a mudanças, galerias e colecionadores se reúnem em torno da Frieze Week, uma semana intensa que reflete novos comportamentos do mercado de arte
A cidade de Nova York vive, entre os dias 5 e 12 de maio, uma das semanas mais intensas do calendário global da arte contemporânea em torno da Frieze Week. Diferentemente de anos anteriores, em que os eventos se distribuíam ao longo do mês, as principais feiras do circuito – incluindo Frieze, TEFAF, Independent e outras – estão concentradas em uma única semana, gerando grande expectativa e movimentação no mercado.
Esse novo formato ocorre em um contexto de transição: após dois anos consecutivos de retração, o mercado de arte enfrenta um momento de reconfiguração. Embora o relatório Art Basel & UBS 2025 tenha constatado que as vendas globais caíram 12% no ano passado, também constatou que o volume de transações aumentou 3%, sugerindo não um colapso, mas uma fragmentação.
Esse movimento reflete um novo comportamento entre colecionadores. “As pessoas compraram muita arte nos últimos cinco a sete anos. Agora questionam se os filhos querem essas obras, se irão doar, ou se devem manter”, diz a consultora Candace Worth. A cautela é compartilhada por galeristas, que notam maior liquidez em faixas de preço intermediárias.
Frieze Week: termômetro e calibrador do mercado
A feira Independent, por exemplo, afirma que a maior parte de suas obras este ano está na faixa entre US$ 10 mil e US$ 20 mil, refletindo o que já foi tendência em 2024. A galeria Magenta Plains apresenta trabalhos de Roberto Juarez nesse intervalo, apostando em artistas com potencial de valorização, mas preços ainda acessíveis.
O cenário também favorece galerias menores. O mesmo relatório apontou que espaços com faturamento inferior a US$ 250 mil cresceram 17% em vendas no último ano, enquanto galerias blue-chip recuaram 9%. Apesar disso, o mercado não perdeu sua capacidade de atrair investimentos. Nomes como Nara Roesler, Ortuzar Projects e Thaddaeus Ropac estão apostando em exposições simultâneas na Frieze e na TEFAF. Os preços vão de US$ 43 mil a mais de US$ 1 milhão, com destaque para nomes como Georg Baselitz, Maria Martins e Alex Katz.
- Frieze é adquirida por Ari Emanuel às vésperas da Frieze New York
- Meow Wolf anuncia nova instalação permanente no Pier 17 de Nova York
- Sotheby’s leiloa coleção de Barbara Gladstone com obras icônicas de Prince, Warhol, Kelley e Stingel
A semana nova-iorquina funciona como um termômetro global: o que acontece nos estandes de Chelsea reverbera em Basel, Paris, Seul e Lagos. A expectativa é que, mesmo diante da instabilidade econômica, obras com qualidade e bom posicionamento encontrem compradores.
Em meio à incerteza, galerias e colecionadores buscam equilíbrio: menos ostentação, mais estratégia. E enquanto a estrutura do mercado se adapta a uma nova geração de compradores, Nova York segue firme como centro nervoso da arte global.
Anote as datas e escolha os eventos para marcar presença
- Frieze New York no The Shed (7 a 11 de maio)
- TEFAF Nova York (10 a 14 de maio)
- Independent Art Fair (8 a 11 de maio)
- NADA New York (8 a 11 de maio)
- 1-54 Contemporary African Art Fair (8 a 11 de maio)
- Esther II (6 a 10 de maio)
- Conductor Preview at Powerhouse Arts (7 a 11 de maio)